Mais do que fazer parte do currículo escolar da rede estadual de ensino, a educação antirracista consiste em um importante debate acerca do reconhecimento, do enfrentamento e da adoção de estratégias educativas e intervencionistas para o combate ao racismo. Dentro deste contexto, as estudantes Rainara Martins e Ariane Menezes, do Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep) Sisal, no município de Serrinha, protagonizam o projeto “Combatendo o racismo por meio de podcast”, uma das ações do Coletivo Daomé, que é formado por mulheres negras da unidade escolar.
A ação contempla o cumprimento da Lei Federal nº 10.639, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira nas escolas.Em um mundo cada vez mais conectado, destaca a professora-orientadora Rafaella de Lima Capistrano, das disciplinas História e Mundo do Trabalho, os podcasts emergem como uma poderosa ferramenta de comunicação e educação.
“Eles têm o poder de educar, inspirar e unir comunidades em torno de temas importantes e urgentes. Este projeto, que reúne duas alunas negras produzindo o conteúdo do podcast, nasceu com a proposta de divulgar os livros da biblioteca de autores negros e foi utilizado para divulgar a resenha desses livros e incentivar a sua leitura na comunidade escolar. Entretanto, além de divulgar os livros de autores negros, os podcast se tornaram fonte de análise aprofundadas e de debate na luta por igualdade racial”, avalia a educadora.A estudante Rainara explica que um dos objetivos do podcast que produziu, juntamente com a colega Ariane, é fazer com que as meninas negras saibam que são acolhidas e que suas dores são compreendidas. “No ambiente escolar, onde muitas de nós já sofremos por sermos negras, queremos que essa realidade mude e um dos meios que temos para conscientizar as pessoas sobre o que é racismo é via podcast, por meio do qual podemos falar de nossas origens, dos nossos descendentes.
Podemos quebrar as limitações que a sociedade impõe sobre as pessoas pretas. Já recebi muito relatos de meninas que sofreram muito bullyng por conta de suas origens, diminuindo sua autoestima. Nosso maior intuito, portanto, é contribuir para a autoaceitação das meninas negras, ajudando elas a entenderem que os nossos traços são lindos”, relata.
Os podcasts são passados na hora do intervalo das aulas, bem como são utilizados grupos de WhatsApp para divulgar o conteúdo dessas publicações de áudio. “Mas estamos projetando lançar em outra plataforma digital quando recebermos o dinheiro do Edital Makota Valdina.
Esse dinheiro será essencial para comprar aparelhos específicos”, revela a professora Rafaella, destacando, ainda, que o projeto é sobre ação. “Além de oferecer um conteúdo educativo por meio do podcast, o Coletivo Daomé se compromete com a promoção de eventos e atividades comunitárias que ampliem o alcance de nossa mensagem e incentivem a mudança prática em nossa comunidade escolar”.
Fonte: Diga Bahia