Cientistas descobriram uma proteína que fica inativa durante a quimioterapia e reativa o câncer colorretal depois de um tempo
O câncer colorretal é um tipo de tumor que acomete a região abdominal, comprometendo o funcionamento de órgãos vitais, como o intestino, e podendo se espalhar para outras regiões do corpo. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), a doença é uma das que mais matam homens e mulheres no Brasil. E o seu tratamento, na maioria das vezes, ocorre através da quimioterapia.
O grande problema, além da detecção tardia do câncer colorretal, é que em alguns casos, mesmo após o tratamento com quimioterapia, o paciente tem recaídas e volta a desenvolver o tumor. Mas, a ciência parece ter dado um novo passo para evitar que esse tipo de situação aconteça.
De acordo com um estudo liderado pelo pesquisador do Icrea (Instituição Catalã de Pesquisa e Estudos Avançados) e chefe do Laboratório de Câncer Colorretal do IRB (Instituto de Investigação em Biomedicina) Barcelona, Eduardo Batlle, existem algumas células cancerígenas que ficam inativadas durante o tratamento do câncer colorretal e, depois da quimioterapia, são reativas e provocam a recaída.
Isso acontece por causa da proteína Mex3a, que está presente em células-tronco tumorais persistentes. A descoberta permite que novos medicamentos ou tratamentos sejam elaborados para combater diretamente essa proteína e evitar que o câncer colorretal volte a se desenvolver após a quimioterapia.
“A quimioterapia é eficaz e mata a maioria das células tumorais, mas não todas. Nossa descoberta revela a identidade de um grupo de células persistentes que são resistentes à quimioterapia e continuam regenerando o tumor após o tratamento. Nosso trabalho abre caminho para o desenvolvimento de medicamentos para eliminar essas células, o que tornaria a quimioterapia mais eficaz e melhoraria as taxas de sobrevivência”, contou Batlle, em comunicado.
Entenda o câncer colorretal
O câncer colorretal é um dos tumores mais comuns entre os brasileiros. Fator que evidencia ainda mais a importância de discutir o avanço da doença para, por exemplo, divulgar as principais maneiras de prevenção.
“Deve-se investir em uma dieta rica em fibras e uma menor ingestão de carnes vermelhas e processadas. Praticar atividades físicas, evitar bebidas alcoólicas, tabagismo e manter um peso saudável. Fora isso, é importante investigar se o paciente possui doenças inflamatórias intestinais crônicas, como a doença de Crohn ou colite ulcerativa, além do histórico familiar de casos de câncer colorretal”, explica o oncologista, Dr. Artur Ferreira, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Sintomas do câncer no intestino
No entanto, assim como a maioria dos tumores, o diagnóstico precoce de um possível câncer colorretal é fundamental para que o tratamento seja efetivo e proporcione a cura da doença. Para isso, além de realizar consultas e exames regulares, é fundamental ficar atento à alguns sintomas e sinais característicos. Conforme listou o Dr. Ferreira:
- Constipação;
- Diarreia;
- Estreitamento do calibre das fezes;
- Ausência da sensação de alívio após a evacuação;
- Como se nem todo conteúdo fecal fosse eliminado;
- Sangue nas fezes;
- Cólicas;
- Dor abdominal;
- Perda de peso sem motivo aparente;
- Fraqueza e sensação de fadiga
Tratamento
O tratamento do câncer colorretal pode ser local, com cirurgia, radioterapia, embolização e ablação; ou sistêmico – quimioterapia, imunoterapia ou terapias-alvo. “Diferentemente do câncer de mama, por exemplo, onde a doença é identificada geralmente em fase inicial com os exames de rotina, o tumor colorretal pode ser descoberto na fase pré-cancerosa com a colonoscopia. A boa notícia é que quando as lesões são precocemente removidas, o aparecimento do câncer pode ser evitado”, finaliza o Dr. Ferreira.
Fonte: Dr. Artur Ferreira, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).