Um estudo feito pela University of Texas Health Houston mostrou que pessoas vacinadas contra Influenza tem uma menor chance de desenvolver Alzheimer
Todas as descobertas da ciência merecem comemoração, especialmente aquelas que representam um avanço na prevenção de doenças ainda sem cura, como é o caso do Alzheimer.
Estudos realizados em grande escala pela University of Texas Health Houston, com adultos americanos maiores de 65 anos, revelou que os vacinados contra Influenza tiveram uma incidência 40% menor no desenvolvimento da doença neurológica, que atinge mais de 35 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
“Claro que muitas pesquisas e testes ainda serão feitos, mas esse é um ponto de partida para, quem sabe, descobrir como curar ou minimizar os danos do Alzheimer. E saber que talvez seja possível desenvolver uma vacina contra esse mal é incrivelmente esperançoso e animador para o segmento de vacinação”, conta Thaís Farias, sócia diretora da rede de clínicas AMO Vacinas.
Ação da vacina
Segundo os pesquisadores, não é possível saber ao certo qual é a ligação entre o imunizante e o Alzheimer, porém, muitos acreditam que tem a ver com o fortalecimento do sistema imunológico. O médico infectologista, Dr. Bernardo Almeida, mestre em doenças infecciosas pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), levanta algumas hipóteses:
- A melhora da imunidade induzida pela vacina pode proteger as células neurológicas;
- A imunidade vacinal pode fazer com que as células neurológicas respondam de forma mais eficiente às alterações geradas pela DA;
- Vacinados têm menos chances de complicações relacionadas à infecção pelo influenza, como hospitalizações. Internamentos por quadros agudos de qualquer causa são sabidamente fatores agressores ao sistema nervoso central.
Contudo, ainda é cedo para saber ao certo como se dá essa relação. “O melhor entendimento sobre essa relação depende de novos estudos com desenhos mais apropriados para essa avaliação”, justifica.
O neurologista e neurocirurgião do Hospital Albert Einstein, Dr. Wanderley Cerqueira de Lima, explica que as vacinas sabidamente tem um impacto em nosso sistema imunológico inato. “Elas têm efeitos protetores na reprogramação das células imunológicas e eliminam substâncias que acumulam no cérebro e levam a respostas inflamatórias e degeneração dos neurônios, geralmente causando a doença de Alzheimer (DA)”, esclarece.
Outras formas de evitar o Alzheimer
O neurologista destaca que não devemos depositar todas as formas de se defender da DA nas vacinas. “É importante que as pessoas vacinadas também cuidem melhor da sua saúde, reduzindo o risco de desenvolver doença de Alzheimer e outras demências. Não se pode colocar na conta da vacina essa redução de demências. A tríade estilo de vida saudável é sempre o principal para se precaver de qualquer doença: sono reparador, atividade física e alimentação adequada. Essa tríade é para toda a vida”, aconselha.
Mas a ciência ainda tem muito a descobrir. Conforme o Dr. Bernardo, já há estudos que demonstram benefício da vacina antipneumocócica em idosos na redução de desenvolvimento da DA. E há pelo menos nove vacinas específicas para Alzheimer em estudo na fase clínica ou pré-clínica, algumas focadas na prevenção, outras para tratamento da doença.
“Porém, ainda não há uma previsão concreta de quando uma vacina poderá ser utilizada para a população geral, já que há várias etapas ainda necessárias para se chegar a um produto aplicável na prática”, finaliza.
Fonte: Saúde em dia