Estudo internacional revela como a meditação pode ser eficaz no tratamento dos transtornos de ansiedade

Ciências saúde

Trabalho analisou 276 participantes em três grandes cidades dos Estados Unidos. Todos com um diagnóstico recente e primário de transtorno de ansiedade generalizada, ansiedade social, pânico ou agorafobia

Domingo, 4 de dezembro de 2022

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Em um artigo publicado no periódico Jama Psychiatry, pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, indicaram que a redução da ansiedade e do estresse baseada em mindfulness (também conhecida como “atenção plena”) pode ser quase tão eficaz no tratamento de transtornos de ansiedade quanto medicamentos antidepressivos.

De acordo com Rubens Maciel, psicólogo e professor da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, que não participou do estudo, “o estresse e a depressão são comorbidades com um índice extremamente elevado, em especial, nas nossas cidades”. Por isso, considerar diferentes abordagens de tratamento é prioridade para profissionais da área da saúde.

Inicialmente, o estudo analisou 276 participantes em três grandes cidades dos Estados Unidos: Boston, Washington DC e Nova York. Todos com um diagnóstico recente e primário de transtorno de ansiedade generalizada, ansiedade social, pânico ou agorafobia.

Rubens de Aguiar Maciel  - Foto: Arquivo pessoal
Rubens de Aguiar Maciel – Foto: Arquivo pessoal

No trabalho, os pesquisadores dividiram aleatoriamente voluntários em diferentes grupos de controle. Durante um período de 24 semanas, parte dos pacientes teve como tratamento a meditação ou redução do estresse baseada em mindfulness (MBSR), enquanto outro grupo fez uso do medicamento escitalopram. Os cientistas avaliaram a gravidade dos sintomas de ansiedade e outros transtornos nos pacientes em uma escala de 1 a 7, sendo 7 ansiedade severa.

Após o período, 102 pacientes haviam concluído o MBSR e 106 haviam concluído seu curso de medicação. Conforme mensurado, ambos os grupos obtiveram uma diminuição significativa em seus sintomas de ansiedade – uma redução média de 1,35 pontos para aqueles que praticaram meditação e uma redução média de 1,43 para os que fizeram uso do escitalopram. De acordo com os especialistas, estatisticamente, esses resultados são bem próximos e considerados equivalentes. “Eles utilizaram um grupo controle, um protocolo padrão, que foi criado pelo Jon Kabat-Zinn, no Hospital Geral de Massachusetts”, explica Rubens.

Ainda assim, na opinião do especialista, é importante mencionar que os medicamentos prescritos para ansiedade e depressão também podem ser muito eficazes. “O problema é que muitos pacientes têm dificuldade para comprá-los, alguns podem não responder bem ao tratamento e outros podem sofrer com os seus efeitos colaterais”, comenta ele. Por esses e outros motivos, a meditação tem ganhado destaque nas pesquisas como uma possível alternativa de tratamento.

Por fim, o professor também lembra que o estresse é um “vilão” silencioso e está especialmente presente nos grandes centros urbanos. Ele reforça que, com toda a agitação e correria do dia a dia, é sempre bom que cada um de nós pare, respire fundo e se reconecte um pouco com o nosso corpo e a nossa mente. “É preciso observar que a meditação da atenção plena é apenas um primeiro passo dentro de um caminho muito mais longo que te leva ao autoconhecimento”, conclui.

Fonte: Jornal USP

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