Ao contrário do que prometia, as lentes de óculos com filtro para luz azul, na verdade, não protegem a visão dos danos das telas
Quem utiliza óculos certamente já recebeu a oferta para optar pelas lentes com filtro para luz azul, indicadas para pessoas que passam muito tempo em frente às telas. Elas prometem proteger a visão, melhorar o sono e reduzir a fadiga. Porém, uma ampla revisão de 17 estudos sobre o tema mostrou que as lentes não proporcionam nenhum desses benefícios.
O trabalho foi conduzido pela Universidade de Melbourne, na Austrália, em colaboração com com pesquisadores da Universidade Monash, também no país, e da Universidade de Londres, no Reino Unido. A publicação saiu no Cochrane Database of Systematic Reviews no mês passado (agosto de 2023).
“A pesquisa mostrou que essas lentes são frequentemente prescritas para pacientes em muitas partes do mundo, e existe uma série de alegações de marketing sobre seus benefícios potenciais”, diz a principal autora da revisão e professora da Universidade de Melbourne, Laura Downie, chefe do laboratório Downie sobre saúde ocular, da instituição, em comunicado.
“Os resultados de nossa revisão, com base nas melhores evidências disponíveis, mostram que elas são inconclusivas e incertas para essas alegações. Nossas descobertas não apoiam a prescrição de lentes com filtro de luz azul para a população em geral”, acrescentou a pesquisadora.
O importante para a visão é não esquecer de piscar
Segundo a médica oftalmologista do CBV-Hospital de Olhos, Dra. Nubia Vanessa, apesar de termos uma sensação de melhora da visão no dia a dia quanto usamos a lente azul, são nossos hábitos que precisam de mudança. Isso porque, quando passamos muito tempo na tela do computador, nos tablets, celulares, não piscamos adequadamente, independente da lente, afirma a especialista.
“Ficamos com atenção no filme, série ou trabalho, fazendo com que deixemos de piscar. Então, independente da lente, as queixas vão continuar. O paciente sente um certo cansaço, uma certa alteração visual, um borramento, podendo levar também a uma coceira. Isso é pelo fato de não piscar durante as atividades com telas eletrônicas”, alerta.
A médica alerta para a importância de, além de piscar adequadamente, utilizar ocolírio lubrificante prescrito pelo médico oftalmologista. Caso contrário, os sintomas de desconforto na visão devem persistir. “Devemos enfatizar para a população sobre a importância de usar adequadamente as telas eletrônicas, fazendo pausas. Não devemos utilizar as telas por mais de 20 minutos sem pausas”, adverte.
Além disso, pacientes que usam algumas medicações sistêmicas que podem interferir na produção da lágrima, devem procurar seu médico oftalmologista para ele saber qual tipo de colírio lubrificante deve ser usado nestes casos. Isso porque algumas doenças sistêmicas, com o uso da medicação, podem favorecer a uma pior qualidade da lágrima, diminuindo a lubrificação ocular. “E, se o paciente trabalha muito tempo nas telas eletrônicas, ele vai ter queixas exacerbadas”, afirma.
Fonte: Saúde em dia