Exposição lembra história de monumento destruído na ditadura militar

cultura

Mostra será inaugurada no dia 11, às 11 horas, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design (FAU) da USP

Em 1968, um monumento do artista modernista Flávio de Carvalho (1899-1973) em homenagem ao poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca (1898-1936) — assassinado pela ditadura franquista no início da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) — foi inaugurado na Praça das Guianas, no Jardim Paulista, em São Paulo. Um ano depois, a obra foi destruída por uma explosão provocada pela milícia paramilitar Comando de Caça aos Comunistas (CCC), que deixou no local panfletos com as palavras “comunista” e “homossexual”, em referência a Lorca. O bem-sucedido plano de recuperar e restaurar o monumento — arquitetado por estudantes da USP liderados pelo então jovem Fernando Meirelles, hoje o premiado cineasta e diretor de Cidade de Deus — será contado na exposição Operação Lorca, a ser realizada de 11 a 18 de junho no vão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design (FAU) da USP.

A exposição será aberta no dia 11, às 11 horas, com a presença de Fernando Meirelles. Com produção da estudante da FAU Ísis Kanashiro, a mostra apresentará o processo criativo do documentário Operação Lorca – O Bailado, dirigido por Igor Estevam, previsto para ser lançado em 2026, que trata do resgate e da restauração da obra de Flávio de Carvalho. Como narra o filme ainda em produção, os estudantes da USP recuperaram os restos do monumento somente em 1979, retirando-os clandestinamente de um galpão em Cotia (SP), onde haviam sido depositados. Para isso, precisaram falsificar documentos e utilizar um pequeno caminhão para o transporte da peça até a FAU, onde ela foi restaurada. Depois, os estudantes resolveram chumbar o monumento no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, em São Paulo. O escândalo provocado por essa ação acabou fazendo com que a prefeitura reconduzisse o monumento ao seu lugar original, a Praça das Guianas, onde se encontra até hoje.

Uma escultura numa praça.
Monumento a Federico García Lorca, de Flávio de Carvalho – Foto: Wikimedia Commons

Na exposição, o público poderá assistir ao teaser do documentário. Estarão à mostra a foto do grupo de estudantes ao lado do caminhão usado no resgate do monumento — com a obra de arte na carroceria — e um exemplar da extinta revista Cine-Olho, editada por alunos da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, que em 1979 publicou matéria descrevendo a ação dos estudantes. Vídeos com entrevistas e performances e um poema visual com animação em 3D do monumento, para óculos de realidade virtual, também serão exibidos.

Monumento a Federico García Lorca, de Flávio de Carvalho, é feito com tubos de ferro e chapas de aço. Foi confeccionado por encomenda do Centro Democrático Espanhol, que reunia espanhóis exilados no Brasil e para quem Lorca era um símbolo de resistência e liberdade. Feito em formas abstratas, nele se lê um verso do poema Los Álamos de Plata, de Lorca: “Hay que abrirse de todo frente a la noche negra para que nos llenemos de rocío inmortal” (“Temos de nos abrir à noite negra para nos enchermos de orvalho imortal”).

A exposição Operação Lorca, com produção de Ísis Kanashiro, acontece de 11 a 18 de junho, no vão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design (FAU) da USP (Rua do Lago, 876, Cidade Universitária, em São Paulo). A abertura da mostra ocorre no dia 11, quarta-feira, às 11 horas, com a presença do cineasta Fernando Meirelles. Entrada grátis. O lançamento do documentário Operação Lorca – O Bailado, com direção de Igor Estevam, está previsto para 2026.

Fonte: Jornal da USP / Foto: Divulgação

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