Em carta aberta, a Eli Lilly alertou sobre versões manipuladas e falsificadas do medicamento que são anunciadas e vendidas nas mídias sociais
Em carta aberta divulgada nesta terça-feira (27), a farmacêutica Eli Lilly and Company faz um alerta sobre versões manipuladas e falsificadas do medicamento Mounjaro, indicado para o tratamento de diabetes tipo 2. No documento, a empresa reitera que, apesar de ser aprovado no Brasil, o remédio ainda não está disponível para comércio no país.
Na carta aberta, a Lilly afirma estar “preocupada com a proliferação de produtos falsificados que se parecem com os medicamentos genuínos da Lilly”. Segundo a empresa, esses produtos falsos são frequentemente anunciados e vendidos de forma virtual por meio de mídias sociais.
“A Lilly não vende tirzepatida nas redes sociais. Qualquer medicamento da Lilly sendo vendido por anúncio nas mídias sociais é ilegal. Esses produtos podem ser falsos ou estão sendo ‘revendidos’ por indivíduos que os obtiveram por outros meios. Ambas as práticas podem colocar os pacientes em risco”, afirma a carta.
A empresa reitera, ainda, que quaisquer produtos com tirzepatida que não sejam da Lilly não foram aprovados pelas autoridades de saúde. “Portanto, ao comprar medicamentos que não tiveram estas aprovações ou obtê-los de fontes não verificadas, você pode estar adquirindo um produto falsificado”, endossa.
O documento também alerta sobre os riscos de segurança relacionados à esterilidade e à eficácia desses produtos falsos.
“Por ser um medicamento administrado por via subcutânea, a esterilidade se torna uma preocupação de segurança ainda mais crítica. Alguns dos produtos analisados continham bactérias, altos níveis de impurezas, cores diferentes (rosa, em vez de incolor) ou uma estrutura química completamente diferente do medicamento da Lilly. Em pelo menos um caso, o produto nada mais era do que álcool”, afirma a carta.
“É importante lembrar que produtos que alegam conter tirzepatida ou falsificados não são inspecionados pelas autoridades regulatórias e podem ser fabricados em condições insalubres e inseguras. Além disso, podem não conter o princípio ativo, ou conter o princípio ativo incorreto, com dosagens incorretas, ou até mesmo vários medicamentos misturados, o que pode resultar em problemas graves para a saúde”, acrescenta.
A farmacêutica reitera, também, que o medicamento a base de tirzepatida foi aprovado apenas na versão subcutânea, e que outras versões em forma de pílulas, chip, spray nasal, comprimidos ou outras versões orais do medicamento são falsos. “Nenhum órgão regulador avaliou a segurança ou eficácia de qualquer administração oral, ou nasal da molécula”, afirma.
Por fim, a Lilly diz, no documento, que já começou a tomar medidas legais contra quem comercializa produtos falsos de tirzepatida. “Você também pode ajudar a impedir vendas ilegais denunciando produtos suspeitos que alegam conter tirzepatida. Se você estiver preocupado com a possibilidade de ter recebido ou usado versões falsificadas ou manipuladas, entre em contato com seu médico ou procure atendimento médico imediato”, finaliza.
O que é Mounjaro (tirzepatida)?
Mounjaro é um remédio à base de tirzepatida, uma molécula agonista duplo de GLP-1 e GIP, hormônios gerados no intestino e liberados após as refeições. O medicamento tem a capacidade de estimular a ação tanto do GLP-1, quanto do GIP, aumentando a produção de insulina pelo pâncreas para manter o controle do açúcar no sangue.
A mesma molécula também foi aprovada para o tratamento da obesidade nos Estados Unidos, sob o nome comercial de Zepbound. Em estudos, o Mounjaro mostrou ser mais poderoso que o Ozempic para a perda de peso.
A tirzepatida está atualmente sendo estudada como um tratamento potencial para pessoas com obesidade e/ou sobrepeso com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp), apneia obstrutiva do sono (AOS) e esteatohepatite associada à disfunção metabólica (MASH). Estudos de tirzepatida na doença renal crônica (DRC) e na morbidade/mortalidade na obesidade (MMO) também estão em andamento.
Fonte: CNN Brasil / Paciente segura injeção de Mounjaro em sua casa nos EUA. • Sandy Huffaker for The Washington Post via Getty Images