A Fiocruz, por meio do Centro de Estudos Estratégicos (CEE/Fiocruz), vai realizar, nos dias 27 e 28 de novembro, no Rio de Janeiro, o Seminário Controle do Câncer no Século XXI: desafios globais e soluções locais. O evento visa reunir pesquisadores brasileiros e estrangeiros, profissionais de saúde, tomadores de decisão e comunicadores em torno de seis mesas temáticas organizadas para discutir as conquistas, fragilidades e paradoxos relativos ao cenário do câncer no Brasil e no mundo, e seus impactos nos sistemas de saúde. Os resultados dos debates servirão como subsídios ao fortalecimento da Política Nacional de Controle do Câncer, criada em 2023, pela Lei 14.758.

O seminário é coordenado pelo ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão e pelo o ex-diretor do Instituto Nacional de Câncer (Inca) Luiz Antonio Santini, que lideram, no CEE/Fiocruz, o projeto de pesquisa Doenças Crônicas e Sistemas de Saúde – Futuro das Tecnologias de Diagnóstico e Tratamento do Câncer (FTDTC). A cerimônia de abertura do evento contará com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, do diretor do Instituto Nacional do Câncer (Inca/MS), Roberto Gil, e da presidente do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC-Abrale), Catherine Moura. Roberto Gil fará a exposição Igualdade, Diversidade e Inclusão, em homenagem ao Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado no dia 27/11.
Entre os convidados internacionais estarão presentes a diretora da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS), Elisabete Weiderpass; e o diretor do Instituto de Política do Câncer e codiretor do Centro de Pesquisa em Conflitos e Saúde, Richard Sullivan. Os dois discorrerão sobre o cenário oncológico, as lições aprendidas e os desafios globais e no Brasil.
As mesas, distribuídas pelos dois dias de evento, abordarão temas relacionados a pesquisa e implementação de programas de prevenção e detecção precoce; papel da Atenção Primária à Saúde (APS); informação, comunicação e cuidado; inovações tecnológicas, produção local e sustentabilidade; formação profissional; regionalização e as relações entre União, estados e municípios.
O seminário prestará uma homenagem ao médico oncologista Franco Cavalli, presidente da Fondazione per l’Istituto Oncologico di Ricerca (IOR), de Bellinzona (Suíça), e ex-presidente da União para o Controle Internacional do Câncer (UICC).
Acesse a programação preliminar do evento.
Ameaça à saúde global
Com projeções que indicam a incidência de 50 milhões de novos casos no mundo até 2050, o câncer revela-se uma das piores ameaças à saúde global no século 21, manifestando-se não como uma única doença, mas como um espectro de mais de cem neoplasias malignas. Cada qual tem suas particularidades biológicas, fatores de risco e respostas a tratamentos, ampliando, portanto, a complexidade de seu controle. Os impasses que dificultam a busca por soluções mais efetivas para o problema ainda esbarram na distribuição desigual da carga de doença e nas barreiras de acesso ao diagnóstico precoce, a tratamentos eficazes e a cuidados paliativos.
Países de alta renda, com maior capacidade de diagnóstico, apresentam maior incidência, enquanto nações de baixa e média renda, como o Brasil, suportam uma carga desproporcional de mortalidade, representando cerca de 70% dos óbitos globais. Essa disparidade é um indicador crítico de falhas estruturais e iniquidades profundas nos sistemas de saúde, demonstrando que o câncer transcende a dimensão puramente biológica e configura-se como problema social e de governança, em que a capacidade de resposta do sistema é um determinante crucial do desfecho do paciente.
“É imperativo que sistemas de saúde, pesquisadores, formuladores de políticas públicas e a sociedade civil redobrem seus esforços na luta contra essa doença multifacetada, priorizando prevenção, detecção precoce e acesso equitativo a tratamentos eficazes para mitigar seu impacto crescente”, ressaltam Santini e Temporão.
Segundo os coordenadores, o Seminário Controle do Câncer no Século XXI: desafios globais e soluções locais busca fomentar o diálogo e a coragem de discutir as fragilidades e paradoxos do controle do câncer. “A superação desses desafios não dependerá apenas de avanços científicos ou tecnológicos, mas da construção de uma vontade coletiva sustentada e do compromisso com um diálogo contínuo, posicionando o enfrentamento do câncer como um empreendimento social e político tão relevante quanto o científico e o médico”, destacam.
Serviço:
Seminário Controle do Câncer nos século XXI: desafios globais e soluções locais
Data: 27 e 28 de novembro;
Horário: 8h às 18h30 (dia 27); 8h30 às 16h30 (dia 28);
Local: Hotel Windsor Flórida;
Endereço: Rua Ferreira Viana, 81, Rio de Janeiro, RJ;
Inscrições: em breve;
O evento contará com transmissão online.
Fonte: Fio Cruz / Foto: Reprodução