A fonoaudióloga salientou ainda que algumas crianças entram em crises, que podem ser sensoriais ou por questão de comportamento.
Com 19 anos de atuação na área de fonoaudiologia, a empresária Poliane Sarinho, é especializada no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e possui uma clínica que atende crianças e adolescentes.
No início da sua formação, o primeiro paciente de Sarinho possuía um grau severo de autismo. Naquela época ela ainda não tinha a noção de que a partir dessa experiência viria toda a força e engajamento para aprender a lidar com essa condição em sua própria casa.
“O meu filho Ícaro, hoje está com 10 anos de idade, e a gente desconfiou do autismo dele perto dos dois anos de idade, quando ele começou a perder as habilidades de dar tchau, de falar, e após isso a gente começou a investir, primeiro na parte da fala, com fonoaudiólogo, depois com neuropediatra, que fechou o diagnóstico dele. Eu tenho 19 anos de profissão e meu filho tem 10. Quando eu estava na faculdade, meu primeiro paciente foi um autista adulto severo. Lá atrás, a minha formação que me deu o norte: ‘Se prepara, que vai vir uma luz na sua vida’”, recordou a fonoaudióloga.
No último sábado (2), foi o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. A data foi estabelecida em 2007, a fim difundir informações para a população acerca dessa condição e assim reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno.
Para Poliane Sarinho, esse dia é de grande importância na luta pela inclusão social das pessoas com autismo.
“A conscientização é importantíssima, o autismo tem que ser conhecido e respeitado. Essa inclusão tem que acontecer em todos os ambientes. Quem tem autismo convive com essa condição para toda a vida, não existe cura, porque não é uma doença. Ele pode criar habilidades de conviver, tem muitos autistas que são adultos, formados, têm filhos, tem uma vida dentro dos padrões. Tem os autistas com altas habilidades, o autismo leve, tudo depende da estimulação que é dada quando pequeno”, afirmou.
No caso de Ícaro, o primeiro diagnóstico dele foi em nível 3, que é o mais alto do autismo, mas atualmente, de acordo com Sarinho, o filho está num grau leve, devido à sua estimulação precoce.
“Ícaro é uma criança maravilhosa, o amor da nossa vida, e é um menino que a gente tem muito orgulho de dizer que é nosso filho e irradia muita luz. Eu já trabalhava antes com pessoas autistas e no início da minha formação, eu fui me especializando mais na área do autismo, e depois que eu descobri o autismo em Ícaro, fui buscando ainda mais. E aqui em Feira de Santana, na Interkids, nós implantamos um método para crianças pequenas com autismo, que é a estimulação precoce, onde a gente tem maiores resultados”, informou.
Ela reforçou que o autista precisa de um atendimento multidisciplinar, a fim de se trabalhar todas as áreas dentro do espectro.
“Não é só a questão da fala e sensorial ou a questão motora, é um combo de várias coisas. A maior dificuldade hoje na parte de fono é a questão da fala, que quase 90% das crianças elas apresentam atraso. Muitos pais, a princípio, acreditam que a criança pode estar surda, mas depois quando vamos investigar, vemos a questão do autismo. Então a ansiedade dos pais para que essa fala chegue logo é uma das maiores dificuldades que a gente enfrenta no tratamento”, observou.
A fonoaudióloga salientou ainda que algumas crianças entram em crises, que podem ser sensoriais ou por questão de comportamento.
“Algumas situações comportamentais são muito apresentadas no autismo, assim como questões motoras, por isso a gente sempre encaminha para a fisioterapia, psicoterapia, para trabalhar isso. A ansiedade, as crianças também podem apresentar, mas principalmente os maiores, que podem ainda apresentar depressão com mais frequência. Mas, a gente tem crianças de 1 ano e 5 meses com suspeita que com a intensidade das terapias elas começam a ganhar o desenvolvimento muito rápido e com 4 ou 5 anos já recebeu alta da fono, porque já atingiu todos os marcos da fala, porém precisa de atendimento de psicologia, a parte motora, então nada é 100% por certo. Temos crianças que vão conseguir alta e outras não. Cada autista é único”, frisou.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade