Fundação Pierre Verger lança exposição ‘Herança do Pai’, do fotógrafo baiano João Machado

cultura

Durante toda a infância, João Machado viveu no mês de agosto a expectativa da viagem de ida e de volta do pai, na carroceria de um caminhão de romeiros, de Xique-Xique a Bom Jesus da Lapa, no Oeste da Bahia.

Somente em 2002, aos 31 anos, já como fotógrafo profissional, ele foi pela primeira vez a Bom Jesus da Lapa e passou a repetir o mesmo percurso, sempre a registrar simbolicamente a presença do pai, numa espécie de busca de uma herança afetiva.

O resultado deste trabalho de mais de duas décadas pode ser conferido na exposição Herança do Pai, que será inaugurada no dia 30 de março, às 18h, na Fundação Pierre Verger, no Centro Histórico de Salvador. A mostra reúne 23 imagens que trazem toda a originalidade do olhar de João Machado para a romaria da Lapa.

“A gente conseguiu selecionar fotos que vão nesse sentido do trabalho dele, de não mostrar a romaria de forma mais clássica, mas sob esse olhar que foge do lugar comum, fazendo enquadramentos originais, botando pessoas desfocadas na frente, cortando pessoas, trabalhando muito a luz como ele sempre faz, pegando mais o cotidiano das pessoas ali naquele lugar, de forma poética e original. Acho que o resultado ficou muito bom”, conta o curador Alex Baradel.

Para a fotógrafa Célia Aguiar, que  também fez a curadoria do projeto e conhece e admira o trabalho do fotógrafo, especialmente pela sua trajetória de vida, mergulhar no universo de Bom Jesus da Lapa pelo olhar de João Machado foi uma tarefa muito prazerosa. “Ela me levou a conhecer não apenas o fotógrafo, mas o ser humano, simples, afetuoso e forte como um bom sertanejo. O universo fotográfico de João Machado desenvolvido a partir de suas memórias e elucubrações, na ausência de seus pais quando iam para a romaria de Bom Jesus, revela a busca e o resgate do percurso desenvolvido por eles, num cenário impregnado de fé, esperança e desapego. São cenas nunca vistas pelos meus olhos, de paisagens de dentro e de fora, sobretudo, com uma luz tão particular e poética”.

Fonte: Alô alô Bahia

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