Gastos militares registram maior alta desde a Guerra Fria, aponta relatório

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Os gastos militares no planeta registraram em 2024 o aumento mais expressivo desde o fim da Guerra Fria e chegaram a US$ 2,7 trilhões, o equivalente a R$ 15,3 trilhões. Esta é uma consequência das guerras e dos conflitos em curso, de acordo com um relatório do Instituto Internacional de Estocolmo para a Pesquisa da Paz (Sipri), publicado nesta segunda-feira (28). 

Por RFI – Segunda, 28 de abril de 2025

O aumento aconteceu principalmente na Europa e no Oriente Médio, revela o Sipri. Os gastos dispararam 9,4% em 2024 – o 10º ano consecutivo de aumento –, em comparação a 2023.

“O resultado reflete as elevadas tensões geopolíticas”, declarou à AFP Xiao Liang, pesquisador do programa de Gasto Militar e Produção de Armamentos do Sipri. “É algo sem precedentes. É o maior aumento desde o fim da Guerra Fria”.

Mais de 100 países aumentaram seus orçamentos de defesa no ano passado, aponta o relatório. A conta também terá “um profundo impacto socioeconômico e político”, indica Liang. “Os países precisam fazer concessões em suas decisões orçamentárias”.

“Por exemplo, observamos muitos países europeus cortando outras áreas do orçamento, como a ajuda internacional, para financiar o aumento dos recursos dedicados às Forças Armadas (…) ou considerarem aumentar os impostos, ou aumentar o endividamento”, acrescenta.

A Europa, incluindo a Rússia, é a região que gastou mais dinheiro: o gasto militar aumentou 17%, chegando a US$ 693 bilhões (R$ 3,93 trilhões).

A Rússia destinou US$ 149 bilhões (R$ 846 bilhões) aos militares em 2024, um aumento anual de 38%, nível que representa o dobro do registrado em 2015.

O orçamento militar da Ucrânia aumentou 2,9%, chegando a US$ 64,7 bilhões (R$ 367 bilhões). Embora represente apenas 43% do equivalente aos recursos russos, Kiev registrou o maior gasto militar do mundo, com 34% do seu PIB dedicado à defesa.

Países europeus se destacam

Os gastos militares da Alemanha, por exemplo, aumentaram 28%, chegando a US$ 88,5 bilhões (R$ 502,9 bilhões), superando a Índia na quarta posição mundial. “Pela primeira vez desde sua reunificação, a Alemanha se tornou a maior contribuinte em termos de defesa na Europa Central e Ocidental”, destaca Xiao Liang.

Os Estados Unidos, líder mundial em gastos militares, aumentaram seu orçamento em 5,7% em 2024, chegando a US$ 997 bilhões (R$ 5,6 trilhões), o que representa 37% do gasto mundial e 66% entre os países membros da Otan.

Os 32 membros da Aliança Atlântica, envolvidos em um processo de rearmamento diante de uma possível queda na contribuição americana aos aliados, aumentaram consideravelmente as despesas militares.

Aquisições em larga escala

“Em 2024, 18 dos 32 países alcançaram a meta de 2% do PIB”, um número sem precedentes desde a fundação da aliança militar, segundo o pesquisador. “Podemos esperar que, nos próximos anos, surjam projetos de aquisições em larga escala na indústria de armamentos”, afirma.

A mesma tendência é observada no Oriente Médio. Israel continua com a guerra em Gaza e, em 2024, seus gastos militares dispararam 65%, chegando a US$ 46,5 bilhões (R$ 264 bilhões). Este é o maior percentual de aumento desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, segundo o Sipri.

Na região, os gastos militares do Irã caíram 10%, chegando a US$ 7,9 bilhões (R$ 44,9 bilhões) em 2024, “apesar de seu envolvimento em conflitos regionais”. “O impacto das sanções limitou consideravelmente sua capacidade para aumentar os gastos”, afirma o Sipri em seu relatório.

Em segundo lugar, depois dos Estados Unidos, a China, que está investindo na modernização de suas Forças Armadas, na expansão de suas capacidades de guerra cibernética e em seu arsenal nuclear, agora representa metade de todos os gastos militares na Ásia e Oceania.

Em 2024, a China aumentou seus gastos militares em 7%, chegando a US$ 314 bilhões (R$ 1,78 trilhão).

(Com informações da AFP)/Tanques de guerra israelenses estacionados no norte da Faixa de Gaza © MENAHEM KAHANA / AFP

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