Um terremoto de magnitude 7,2 sacudiu o Haiti na manhã deste sábado (14), deixando pelo menos 304 mortos, 1.800 feridos e danos a propriedades neste país caribenho que ainda se recupera do devastador terremoto de 2010 e sofre uma crise social e política em plena pandemia de covid-19.
O terremoto, que fez tremer as casas e obrigou os habitantes a procurar abrigo, ocorreu por volta das 8h30 (9h30 no horário de Brasília), a 12 km da cidade de São Luís do Sul, localizada a 160 km da capital haitiana, Porto Príncipe, segundo dados do Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS).
Hospitais nas regiões mais afetadas pelo terremoto já encontram-se em dificuldade para prover ajuda de emergência. Pelo menos três centros de saúde nas cidades de Pestel, Corailles e Roseaux estão lotados de pacientes, segundo Jerry Chandler, diretor da Proteção Civil.
Christella Saint-Hilaire, que vive perto do epicentro, disse à AFP que “muitas casas estão destruídas” e que “outros abalos seguem acontecendo”.
“As casas e os muros que as cercam desabaram. O telhado da catedral caiu”, detalhou Job Joseph, residente da cidade de Jeremie, no extremo oriente do Haiti.
O Haiti declarou estado de emergência em resposta à catástrofe e o presidente americano, Joe Biden, aprovou uma ajuda “imediata” para o país caribenho, declarou à imprensa um funcionário da Casa Branca.
“Estou entristecido pelo terremoto devastador” no Haiti, afirmou Biden em comunicado, no qual afirma que ordenou “uma resposta imediata dos Estados Unidos” para avaliar e socorrer os feridos.
Os habitantes compartilharam imagens nas redes sociais que mostram os esforços para retirar as pessoas dos escombros dos edifícios que desmoronaram, enquanto várias pessoas gritavam na tentativa de encontrar um lugar segura fora de suas casas.
– Solidariedade –
“O governo decidiu esta manhã declarar estado de emergência por um mês após o desastre”, declarou o primeiro-ministro do país, Ariel Henry, que também pediu que o Haiti “mostre solidariedade” e não entre em pânico.
Henry também informou que visitará as regiões afetadas nas próximas horas junto com outras autoridades.
O forte terremoto foi sentido em grande parte do Caribe, inclusive em Santiago de Cuba (cerca de 300 km de Saint-Louis-du-Sud), onde muitos residentes deixaram suas casas por precaução, segundo a rádio Rebelde.
O USGS emitiu inicialmente um alerta de tsunami, prevendo possíveis ondas de até três metros ao longo da costa do Haiti, mas logo suspendeu o aviso.
Os danos na cidade de Les Cayes parecem importantes, com o desabamento de um hotel de vários andares.
Em vídeos compartilhados online, os residentes filmaram as ruínas de vários edifícios de concreto, incluindo uma igreja em que uma cerimônia aparentemente estava acontecendo na manhã de sábado na cidade de Les Anglais, 200 km a sudoeste de Porto Príncipe.
“Minha solidariedade e de todo o povo espanhol com o Haiti pelo grave terremoto que sofreu. Podem contar com o apoio da Espanha para seguir em frente após este terrível acontecimento”, declarou o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, no Twitter.
– Uma tragédia atrás da outra –
O país mais pobre das Américas ainda se recorda do terremoto de magnitude 7 de 12 de janeiro de 2010, que devastou a capital e várias cidades do interior. Mais de 200.000 pessoas morreram e mais de 300.000 outras ficaram feridas no desastre.
Mais de um milhão e meio de haitianos ficaram desabrigados, colocando as autoridades e a comunidade humanitária internacional diante do desafio colossal da reconstrução de um país sem registro de terras ou normas para construções seguras.
Sem conseguir enfrentar este desafio de reconstrução, o Haiti, que também é regularmente atingido por furacões, mergulhou em uma crise sociopolítica aguda.
A reconstrução do principal hospital do país continua incompleta e organizações não-governamentais têm feito esforços para suprir as muitas deficiências do Estado.
O terremoto deste sábado ocorreu pouco mais de um mês depois que o presidente Jovenel Moise foi assassinado em sua casa por um comando armado, chocando um país que já lutava contra a pobreza, o aumento da violência de gangues e a pandemia.
O juiz de investigação nomeado na segunda-feira para liderar a investigação judicial sobre o assassinato de Moise anunciou na sexta que abandonaria o caso.
A polícia afirma ter prendido 44 pessoas em conexão com o assassinato, incluindo 12 policiais haitianos, 18 colombianos que supostamente faziam parte do comando e dois americanos de ascendência haitiana.
O chefe da segurança de Moise está entre os presos em conexão com o complô supostamente organizado por um grupo de haitianos com ligações no exterior.
A polícia emitiu notificações de busca para outros indivíduos, incluindo um juiz da Suprema Corte do Haiti, um ex-senador e um empresário.
Fonte: CB