“Paciente de Genebra” não registrou a presença do vírus no organismo cerca de 20 meses depois da interrupção do tratamento antirretroviral
Um homem na Suíça, apelidado de “Paciente de Genebra“, apresentou remissão do vírus HIV após a realização de um transplante de medula óssea, se tornando o sexto no mundo a se curar da doença.
O resultado foi apresentado nesta quinta-feira (20), durante a Conferência IAS sobre Ciência do HIV 2023, em Brisbane, na Austrália.
No entanto, o caso do “Paciente de Genebra” apresenta uma particularidade que não aconteceu nos cinco casos anteriores, que haviam sido registados em Berlim, Londres, Dusseldorf, Nova York e no City of Hope.
Nesses cinco casos, os pacientes haviam recebido um transplante de medula óssea de um doador que portava uma rara mutação genética, denominada CCR5 delta 32, que tornava as células do corpo resistentes ao HIV.
Já no caso do “Paciente de Genebra”, a medula óssea doada não possui mutação CCR5 delta 32. Dessa forma, as células desse homem continuam permissivas ao vírus.
Porém, mesmo assim, o HIV permanece indetectável em seu organismo, cerca de 20 meses depois da interrupção do tratamento antirretroviral.
O “Paciente de Genebra” convive com o HIV desde o início da década de 1990, e fazia tratamento com antirretrovirais. Em 2018, ele realizou o transplante de medula para tratar de uma leucemia, e teve como consequência uma queda radical das células portadores do HIV. Desde 2021, ele começou a diminuir gradualmente o consumo dos medicamentos contra o HIV.
“O que está acontecendo comigo é magnífico, mágico, estamos olhando para o futuro”, afirmou o paciente.
Para os cientistas, o caso do “Paciente de Genebra” pode ser importante para o desenvolvimento de novas formas de combate e tratamento do HIV.
“Embora este protocolo não seja transponível em larga escala devido à sua agressividade, este novo caso traz elementos inesperados sobre os mecanismos de eliminação e controle dos reservatórios virais, que serão importantes para o desenvolvimento de tratamentos curativos para o HIV”, afirmou Asier Saez-Cirion, Chefe da Unidade de Reservatórios Virais e Controle Imunológico do Institut Pasteur.
Fonte: CNN Brasil