A Hungria apresentou uma nova solução para a retomada das entregas de petróleo pelo oleoduto Druzhba depois que, em junho, Kiev impôs sanções bloqueando o trânsito de combustível da empresa russa Lukoil para a Europa Central
A Hungria parece ter encontrado uma maneira simples de receber novamente petróleo russo pelo oleoduto Druzhba, a rota tradicional que atravessa a Ucrânia.
“O que a empresa europeia, em particular a MOL húngara, está propondo é a transferência de propriedade na fronteira Rússia-Ucrânia. Isso pode levar a Rússia a não pagar pelo trânsito de petróleo pelo território ucraniano”, disse Vladimir Demidov, especialista independente em mercados de petróleo e gás, à Sputnik.
O oleoduto Druzhba vai da Rússia para Belarus e depois se divide em dois ramos: o do norte vai para a Polônia e Alemanha, e o do sul atravessa a Ucrânia até a República Tcheca, Eslováquia, Hungria e Croácia.
Nos termos do contrato, a Lukoil fornece petróleo à Hungria. Se o ponto de aceitação for movido para a fronteira Rússia-Belarus ou para a fronteira Belarus-Ucrânia, então o petróleo que passa pelo território da Ucrânia seria de fato propriedade da MOL da Hungria, não da Lukoil.
“Assim, isso pode levar a Rússia a não pagar pelo trânsito de petróleo através do território ucraniano. Além disso, a Rússia não assumirá os riscos de transportar petróleo pelo território ucraniano”, explicou Demidov.
O especialista acredita que essa iniciativa é bastante realista. Ele não descarta que isso possa até levar a uma operação na capacidade total do oleoduto.
Panorama internacional
Demidov sugeriu que, após a transferência de propriedade para a empresa de energia húngara, o petróleo que passa pelo oleoduto Druzhba pode ser fornecido não apenas para a Hungria, Eslováquia e República Tcheca, mas também possivelmente para outros países que eram abastecidos antes das sanções ocidentais.
“Isso é benéfico para a Rússia, porque o Ocidente não poderá culpar a Rússia por quaisquer atrasos nas entregas, porque a Rússia poderá entregar petróleo através de seu território sem problemas”, destacou o especialista ressaltando que a iniciativa não deve ter qualquer impacto no mercado de petróleo europeu.
“Muito provavelmente, essa iniciativa terá um impacto bastante grande no mercado de vários países do Leste Europeu, como a Hungria, Eslováquia e República Tcheca. Assim, esse mercado seria mais estável porque os suprimentos seriam fornecidos por uma empresa europeia e, muito provavelmente, os preços não aumentariam durante a temporada, como geralmente acontece no mercado de petróleo”, concluiu Demidov.
Fonte: Diplomacia Business / Foto: Sputnik / Ilia Pitale