A feira livre é um ambiente democrático que faz parte desde os pequenos bairros até os bairros nobres. Só em Vitória, vinte endereços recebem feiras livres de terça a domingo. Apesar de ter concorrentes como supermercados, onde a forma de pagamento é mais facilitada já que se pode usar cartões de crédito e cheques, a feira resiste e faz parte da cultura urbana contemporânea. Isso porque frequentar feira é um costume que corre nas veias de muitos brasileiros.
Para a presidente da Associação de Feirantes da Grande Vitória, Rosilda de Jesus, a feira é um ambiente tradicional, com muito calor humano e uma ótima alternativa para produtores agrícolas.
Frequentar feiras é algo que está no sangue dos brasileiros e uma ótima forma de reforçar nossa cultura. Para os produtores, é muito positivo, pois eles não precisam ir até os clientes; os clientes que vão até eles”, afirmou.
A princípio, as feiras livres surgiram para atender as necessidades de troca dos mais variados tipos de itens entre as pessoas, mas, com o surgimento da moeda, as trocas foram substituídas pelo comércio dos produtos. Atualmente é um espaço de interações, onde os comerciantes garantem sua renda e também criam laços com as pessoas que frequentam o local.
A feira chama atenção em um primeiro momento, pois é um ambiente colorido por frutas, legumes e toldos. O som também é único. Promoções são anunciadas o tempo inteiro por feirantes, que falam com firme sobre a qualidade de seus produtos e sempre garantem que são mais baratos que os da barraca ao lado.
Segundo Felipe Arruda, frequentador assíduo da feira livre de Jardim da Penha, é muito mais vantajoso fazer compras em feiras do que em mercados. “A feira está muito à frente. Os produtos são frescos e muitas vezes vendidos pelos próprios agricultores, enquanto no mercado a procedência é duvidosa. Os produtos nas feiras também são muito mais em conta, justamente pelo fato de comprarmos direto da fonte”, disse.
Nas feiras brasileiras, tudo se encontra. Desde os legumes, frutas e verduras, que são os protagonistas do ambiente, até roupas íntimas e sandálias de couro por preços que agradam o consumidor. As barracas de pastel também são destaque e fazem sucesso entre os frequentadores. É quase um hábito se escorar no balcão das tradicionais kombis e fazer um pedido de pastel com caldo de cana após as compras.
A feira livre é do povo e para o povo. Por conta da quantidade de barracas, a concorrência é grande e a pechincha é permitida. Diferentes tipos de pessoas passam por elas. Consumidores, vendedores, produtos e também os transeuntes. Esse tipo de comércio carrega consigo muito do Brasil. Sinestesia, contato e calor humano. São paisagens das cidades brasileiras.
Feira orgânica ganha espaço no mercado capixaba
Elas têm conquistado cada vez mais adeptos preocupados com a saúde ao ingerir frutas, verduras e outros alimentos. As feiras orgânicas e agroecológicas chegaram para ficar na Grande Vitória e recebem todo o apoio do Governo, com o Programa de Fortalecimento da Agricultura Orgânica, da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
Atualmente são seis feiras orgânicas em Vitória, duas em Vila Velha e uma em Cariacica, que funcionam em pontos estratégicos das cidades e até mesmo dentro de Shoppings (vide Serviço).
Os produtores que vendem seus produtos em feiras agroecológicas recebem a certificação orgânica, que garante que não utilizam produtos químicos nas lavouras. Hoje, o número de produtores com a certificação no Espírito Santo é de 300 produtores, mas outros 300 estão em processo de transição, já adotando as práticas de agroecologia.
A estudante Aline Soares, 26, faz compras na feira orgânicas de Barro Vermelho e Jardim Camburi há pelo menos cinco anos e acredita que 90% das compras de sua casa vêm da feira. “A gente compra tudo, frutas, verduras, legumes, até o feijão também e algumas sementes e ervas, temperos… A gente só não compra mesmo o que não tem”, conta.
Aline acredita que, dessa forma, está cuidando do corpo e mantendo hábitos mais saudáveis. “Eu acho que o nosso corpo merece o alimento da forma mais pura possível, mas, como a gente não mora no campo e não consegue pegar coisas frescas, a opção mais próxima disso é comprar as coisas na feira orgânica”, diz.
Juntos, os produtores certificados ou em transição já colhem cerca de 12.800 toneladas por mês, de produtos como frutas, legumes e raízes.
Fonte: Faesa Digital