Inaugurada no fim de 2020, orla da Boa Viagem já está em petição de miséria

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Menos de três anos depois de ser entregue, a obra que custou R$ 7 milhões revela descaso com manutenção

A orla da praia da Boa Viagem, na cidade baixa, em Salvador, foi inaugurada com pompa e circunstância em plena véspera de natal: 24 de dezembro de 2020. Era um presente para a capital, dado pelo então prefeito ACM Neto e seu vice, o atual alcaide, Bruno Reis (União Brasil). Com investimento de R$ 7 milhões, a entrega, segundo eles disseram na ocasião, fazia parte de um projeto de requalificação da orla soteropolitana, e deveria se estender para a ponta do Humaitá e a Praia do Cantagalo.

Menos de três anos passados, porém, não só as outras etapas não foram iniciadas, como, pelo que se vê no presente, parece que a obra foi feita num passado bem, bem distante, dado o seu estado de deterioração. “Isso é falta de manutenção. Tá um desmantelo horrível. Eu mesmo já cansei de tropeçar e cair nessas tábuas soltas”, reclama o comerciante Anderson Santos.

A falta de manutenção alegada por ele é notória. Há, inclusive, um buraco com vista para o mar que foi sinalizado pelos passantes e ambulantes locais, a fim de evitar acidentes (vide foto 1). Estes, porém, podem ser causados de outras várias maneiras, pelas muitas tábuas soltas que faziam parte do deck. No parquinho infantil, por exemplo (vide foto 2) não é difícil encontrar algumas, verdadeiras armas em potencial.


População sinalizou buraco com tábuas soltas.


Perto do parquinho infantil, as mesmas representam perigo.

“É triste ver como essas coisas são. Depois que inaugura, geralmente é assim mesmo, abandono. E o povo também não colabora, tem muito vandalismo”, diz Taiane Barbosa, 25, moradora do bairro do Uruguai. De fato, a atual situação também se deve ao comportamento inadequado, predatório, de parte da população contra o próprio patrimônio. O que se vê, porém, menos de três anos depois de inaugurada uma obra de estrutura (e com a pandemia no meio, indicando um período sem uso efetivo) é injustificável. “Minha filha gosta de brincar aqui. Eu trago, mas fico com medo. E já vi gente caindo nesses buracos”, completa ela, que é estudante de enfermagem. 

Contatada pelo Metro1, a prefeitura informou que “iniciou a Operação Verão, que implicará em uma série de manutenções na Orla Marítima de Salvador”. Disse ainda que “foi feita a vistoria na Orla Atlântica e, na próxima segunda-feira (20/11), a equipe da Secretaria de Manutenção da Cidade (SEMAN) começa a vistoriar a orla da Cidade Baixa, que compreende esse trecho da praia da Boa Viagem”.

 

Tropeços e quedas são constantes… Região tem muitos idosos…

Por fim: “A Superintendência de Obras Públicas de Salvador (Sucop) irá fazer uma avaliação na intervenção feita no deck da praia da Boa Viagem para identificar qual será a melhor solução para o caso”.

Um ponto positivo da obra na Boa Viagem é verificar que as pedras portuguesas, costumeiramente demonizadas por sua supostamente difícil manutenção, estão todas no lugar, demonstrando que, quando são bem instaladas, não demandam tanto trabalho e/ou custo quanto se alega para substituí-las por outros pisos bem menos bonitos e identificados com nossa cultura visual.


Pedras portuguesas resistem, totem de tráfego não.

Curiosamente, o anúncio da extensão da reforma para a Praia do Cantagalo e a ponta do Humaitá, feito por Bruno Reis naquele fim de 2020, ignorava que este último local tinha sido entregue em maio de 2019 pela prefeitura. Ou talvez não fosse mera afobação de candidato para fazer promessas, mas sim porque o então vice-prefeito já sabia que essas obras têm prazo de validade curtíssimo, apesar do alto custo, como está provado por esta aqui, na Boa Viagem.

Fonte: Metro 1

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