Investidores buscam estratégias para ganhar dinheiro em meio à guerra e inflação

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Enquanto mercados afundam em meio a temores de uma recessão, investidores individuais procuram um refúgio para proteger seus ativos

Investidores em busca de alguma segurança durante a pior inflação em mais de 40 anos estão sem sorte.

Enquanto mercados afundam em meio a temores de que a economia está a caminho de uma recessão (ou que possivelmente já está em recessão), investidores individuais procuram um refúgio para proteger seus ativos.

Diversos tipos de hedge, em português conhecido como cobertura ou limite, funcionaram bem no passado contra a inflação: ouro, fundos de investimento imobiliário (REITs), petróleo e títulos do tesouro atrelados à inflação (TIPS). Mais recentemente, as criptomoedas também eram vistas como um possível hedge.

Desta vez, no entanto, os investidores estão diante de uma complicação. Desde 1º de junho, todos os hedges mais conhecidos contra a inflação perderam dinheiro. Benchmarks de petróleo bruto, ouro, prata, índices que acompanham REITs e TIPS, assim como bitcoins: estão todos em baixa.

Em outras palavras, as coberturas de inflação tradicionais não estão cobrindo a inflação.

O motivo é um conjunto de fatores: a inflação está em alta em escala global, a pandemia, e o caos geopolítico por conta da invasão da Ucrânia pela Rússia derrubaram apostas que normalmente valiam a pena.

Mercados quebrados

Quando a inflação bate, os investidores tendem a colocar seu dinheiro em ativos que estão ficando mais caros. Geralmente, essa é uma estratégia vencedora.

Um estudo de 2021 de pesquisadores do hedge fund Man Group Plc e da Duke University analisou um século de dados dos EUA, Reino Unido e Japão, e descobriu que ações e títulos afundam durante períodos inflacionários.

O retorno de ações dos EUA foi de -7% em oito períodos de inflação elevada desde a Segunda Guerra Mundial. As commodities — muitas vezes uma causa da inflação — tendem a se sair melhor. Ouro, petróleo e outros ativos tangíveis terminaram os períodos inflacionários no azul, segundo os analistas.

A inflação, por definição, é um declínio no poder de compra do dólar e de outras moedas. Mas existe uma diferença hoje: a força do dólar americano está crescendo em escala global, apesar de comprar menos internamente.

O aumento de postos de emprego e outros dados econômicos continuam relativamente fortes, levando os investidores a acreditar que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) continuará a aumentar as taxas de juros a um ritmo bastante agressivo. Isso valoriza o dólar, o que, por sua vez, prejudica o valor do ouro.

Os REITs e criptomoedas, entretanto, também não estão a salvo do tumulto geopolítico e do aumento das taxas de juros, o que vem assustando os investidores. Recentemente, o petróleo teve uma queda após altas recordes, enquanto o governo Biden trabalha para explorar reservas de emergência e aumentar a oferta.

Os TIPS foram criados para proteger contra a inflação, ajustando os retornos com base nas mudanças no Índice de Preços ao Consumidor, ou seja, os investidores recebem mais à medida que a inflação aumenta.

Porém, agora a inflação está na sua taxa mais alta desde a década de 1980, e os retornos dos TIPS estão caindo. Isso é porque os preços reagem mais ao que se espera que aconteça com a inflação nos próximos anos.

A inflação reflete os preços futuros esperados, e os aumentos das taxas pelo Fed têm influenciado essas expectativas.

“Tentar se proteger contra a inflação é muito difícil”, disse Tom Graff, diretor de investimentos da Facet Wealth. “Os mercados vão sempre precificar com base no que acham que vai acontecer em um longo espaço de tempo, e não são bobos: a inflação está aumentando no momento, mas provavelmente não vai continuar assim para sempre”.

Enquanto o Fed for digno de confiança e disser que isso vai funcionar para baixar os preços, a inflação não será totalmente precificada dentro do hedge, comentou.

Tarde demais para se proteger

No entanto, o tipo de hedge mais confiável contra a inflação são as ações. Desde que você tenha paciência. Historicamente, as ações superaram a inflação, mas considerando um longo período.

“No longo prazo, as ações tendem a superar a inflação por uma ampla margem. Mas é mais como um maratonista que ganha de um velocista no longo prazo”, disse Shawn Cruz, estrategista-chefe de trading da TD Ameritrade. Nesse meio tempo, muitos investidores buscam reajustar suas carteiras.

“Para mim, o mundo já entendeu: o Fed vai acabar com a inflação, de uma forma ou de outra”, afirmou. “A era da negociação de inflação acabou”. Segundo Graff da Facet Wealth, em vez de tentar se proteger contra o aumento dos preços, os investidores individuais se dariam muito melhor se corressem a maratona e superassem a volatilidade atual do mercado.

A notícia ruim é que os investidores terão dificuldade de ganhar dinheiro nesse ambiente inflacionário — ainda que estejam protegidos. Por outro lado, a boa notícia é que os mercados financeiros não parecem acreditar que a inflação seja algo arraigado na economia dos EUA.

Fonte: CNN Brasil

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