Investidores não devem mudar estratégias por conta da guerra em Israel, dizem economistas

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Como conflito ainda é limitado em uma região, analistas afirmam que não é necessário se preocupar com grandes mudanças num curto prazo

O mercado está de olho nos desdobramentos da guerra em Israel e atento aos possíveis impactos que o conflito pode causar na economia do Brasil e no mundo.

Logo no primeiro dia útil após os ataques terroristas do Hamas contra Israel, as atenções se viraram para o petróleo. Tanto o brent quanto WIT fecharam em alta de mais de 4%. Porém, nos dias seguintes, a commodity registrou ligeiras quedas.

Segundo o economista-chefe da Àgora Investimento, Dalton Gardimam, para explicar esse cenário é necessário levantar hipóteses sobre o que pode acontecer, uma vez que o conflito ainda é muito recente.

“Geopolítica, mesmo que o investidor saiba tudo, consiga enumerar todas as variáveis que influenciam aquela situação, ainda deve se ter muita cautela nas conclusões, mesmo que esteja certo. Num ambiente complexo, provavelmente vai levar uns cinco anos para ter o resultado daquela aposta, correta ou não.”

Disse também que não é motivo para pânico, uma vez que a guerra está limitada no sul de Israel, especificamente na Faixa de Gaza.

“Até o memento não há envolvimento do norte de Israel. Líbano e Irã também não entraram na guerra”, explica.

Petróleo

Na segunda-feira (9), Gardimam pontua que o petróleo “deu um susto” no mercado, subindo mais do que o normal. Mas, nos dias seguintes, registrou quedas.

Ele explica que, nesse cenário, o investidor deve pensar quais eram as condições prevalecentes no mercado de petróleo anteriormente.

“Era relativamente alta por uma necessidade. Pela reabertura da China, pelo mundo se normalizando do tombo da Covid-19, sub investimento no mercado do petróleo nos últimos 10 anos, necessidade de se fazer uma transição para energia limpa, enfim. Esses pontos levam a commodity a uma tendência era de alta, não necessariamente devido à guerra.”

Para o economista, deste ponto de vista, é preciso impor considerações, não alarmantes, mas, preocupantes, já que o petróleo continuará pressionado nos próximos meses e anos.

Neste ponto de vista, Gardimam avalia que a estratégia do investidor, em matéria geopolítica, é de não fazer previsões num curto prazo. Portanto, o ideal é preciso olhar mais longe ao horizonte e ter cautela.

“A questão não é não fazer nada por desconhecimento, mas sim levar os conhecimentos já adquiridos destes eventos geopolíticos, como o caso da guerra na Ucrânia, e não agir de uma maneira expedita, fugindo dos ativos ou aumentando o conservadorismo”.

Rodrigo Dias, CEO e gestor da Butiá Investimentos, compartilha da mesma opinião.

“O cenário atual já indicava a necessidade de cautela devido ao aumento das taxas de juros nos Estados Unidos e às preocupações fiscais no Brasil.”

De acordo com ele, a guerra global aumenta ainda mais as incertezas e pode tornar desafiador para os bancos centrais controlarem a inflação. Portanto, é importante monitorar de perto os desenvolvimentos e ajustar estratégias de investimento conforme necessário.

Onde investir?

Em tempos de incerteza, Dias ressalta que é prudente considerar diferentes estratégias. Empresas do setor de petróleo e gás podem se beneficiar da escalada do preço do petróleo, especialmente se a guerra se expandir para o Oriente Médio.

“Setores cíclicos podem ser voláteis em momentos de aumento das taxas de juros, portanto, convém ficar atento a essa variável. No curto prazo, pode ser sensato evitar investimentos em empresas do setor de varejo, uma vez que podem enfrentar desafios diante das condições atuais.”

No entanto, o economista observa que sempre é aconselhável diversificar seus investimentos e buscar orientação de um profissional financeiro para decisões mais específicas.

Agora, quando se fala em renda fixa, Dias pontua as atenções que o investidor deve ter:

  • Diversificação: é importante diversificar suas posições. Ter uma combinação de títulos de pré-fixados e pós-fixados pode ajudar a equilibrar o risco e o retorno.
  • Acompanhe os juros reais: esteja atento aos juros reais, que levam em conta a inflação. Em momentos de alta nos juros, títulos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA, podem ser uma opção a considerar.
  • Prazo dos Investimentos: considere o prazo dos seus investimentos. Títulos de longo prazo podem ser mais sensíveis às mudanças nas taxas de juros. Se você deseja mais estabilidade, pode optar por títulos de curto e médio prazo.
  • Liquidez: certifique-se de que parte dos seus investimentos seja líquida, para que você possa acessar o dinheiro em caso de necessidade. Títulos de curto prazo ou fundos de renda fixa mais líquidos podem servir a esse propósito.

“Lembre-se de que o mercado financeiro pode ser volátil, e a estratégia de renda fixa ideal pode variar de pessoa para pessoa. Portanto, adaptar sua estratégia às suas necessidades individuais é fundamental”, conclui o especialista.

Fonte: CNN Brasil

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