Investigador relembra os brutais crimes do serial killer Corumbá:”ele diza que tinha traços de canibalismo”

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Em entrevista exclusiva ao site Aventuras na História, Robson Feitosa, que participou das buscas por Katryn Rakitov em 2004 — uma das vítimas de José Vicente Matias —, revela detalhes do caso

FABIO PREVIDELLI PUBLICADO EM 19/06/2021

Quando Robson Feitosa passou a investigar o sumiço de Katryn Rakitov, em 2004, a russo-israelense de 29 anos já estava há cerca de oito meses desaparecida. Oriunda de uma família humilde, Katryn era filha única, fruto da relação entre uma bibliotecária e um instrutor de autoescola.  

De origem humilde, a jovem de Haifa prestou serviço militar em seu país. Em uma de suas viagens pelo mundo, um de seus hobbies prediletos, fez amizade com uma brasileira em Londres e acabou sendo convidada para seu casamento, que aconteceu na região de Piracicaba.  

Entre suas descobertas em solo tupiniquim, a turista passou pelo Rio de Janeiro e Minas Gerais antes de desembarcar na cidade histórica de Pirenópolis, em Goiás, que fica a cerca de 150 quilômetros de Brasília.  

Como de costume, relembra Robson em entrevista exclusiva a equipe do site do Aventuras na História, ela fazia ligações para sua família periodicamente. “Ela vai conhecendo um pouco do Brasil, já que gostava muito de viajar, e chega até Goiás, na cidadezinha de nome Pirenópolis. Lá, ela fez alguns contatos com a mãe e sumiu, não deu mais nenhum retorno”. 

O investigador Robson Feitosa segurando um cartaz sobre o desaparecimento de Katryn/ Crédito: Fabio Previdelli/Aventuras na História

Naquela época, uma das únicas formas de se comunicar com alguém fora do país era através de telefones públicos, os chamados orelhões. E foi justamente por meio de uma chamada assim que Rakitov fez o último contato com sua família, em meados de abril de 2004.

“Dali para frente, nem a polícia do Estado de Goiás, nem o próprio pessoal da embaixada de Israel conseguia mais localizar o paradeiro dela. Ninguém sabia onde a Katryn estava: se estava viva ou tinha falecido. Ninguém sabia dizer o que havia acontecido”, explica o investigador.  

Refazendo os passos 

Meses após seu desaparecimento, Robson foi chamado para ajudar no caso. Durante cerca de quatro meses, ele espalhou cartazes por diversas regiões do Brasil enquanto refazia os passos da jovem que estava sumida.  

“Eu refiz todo o trajeto dela desde a chegada no aeroporto; visitei essa amiga dela, onde obtive algumas provas de que ela, realmente, esteve no casamento e, a partir daí, nós começamos a receber inúmeras ligações de pessoas alegando ter visto a Katryn em algum lugar”, relembra. 

Cartaz sobre o desaparecimento de Katryn/ Crédito: Fabio Previdelli/Aventuras na História

Porém, apesar dessas informações, nenhuma pista de fato levou a um caminho concreto. “Então, dali para frente, eu optei em ir para Pirenópolis e dar continuidade na investigação. Lá, eu esmiucei onde ela esteve: ficou hospedada em um local de camping, onde fazia turismo — em uma região que tem muitas cachoeiras e tudo mais”, explica Feitosa

Quando suas opções estavam quase se esgotando, mais uma vez, Robson descobriu que Rakitov havia sido vista conversando com um hippie, que fazia artesanato e vendia sua arte em uma feira no centro da cidade.   

“Eu procurei por esse hippie e soube que ele sumiu da cidade. Tempos depois, descobri que ele estava no Maranhão, onde foi preso. Havia cometido um duplo homicídio de uma turista alemã e de outra espanhola”, conta o investigador. “Neste momento, eu pude interrogá-lo”. 

O detalhe do quebra-cabeças 

Acostumado a gravar todas as investigações que participa, Robson Feitosa percebeu que uma bolsa carregada pelo artesão José Vicente Matias, conhecido como Corumbá, que tinha 39 anos na época, era a mesma que Katryn estava na foto que ele usou para produzir os cartazes sobre seu sumiço.  

“Quando eu falei que aquela bolsa era dela, ele não tinha mais como negar. Foi quando começou a contar e aí ele abriu vertentes, contando sobre outros homicídios que cometeu — fora os dois casos da alemã e da espanhola, e também o da Katryn”, conta o investigador.  

O primeiro dos casos que Corumbá relatou foi de uma menina que havia sido morta em Goiás, em janeiro de 2004. Outra de suas vítimas foi uma garota, morta em setembro de 1999, no município de Três Marias, Minas Gerais. Os seis crimes de Corumbá serão detalhados mais abaixo. 

“O que me chamou muito a atenção é o fato de que ele era analfabeto, porém, apesar de não saber ler, ele sabia ponto a ponto — nós pegávamos um mapa — e ele dizia onde passou, por onde andou, mostrando passo a passo por onde esteve, quando esteve, enfim, tudo o que fez”, explica Robson. Com informações do site Aventuras na história.

A maneira como ocorreu a morte de Katryn é detalhada no áudio abaixo.

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