Ipirá: 166 anos de história e resistência cultural

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Por Jaciana Bianck ( Portal Ipirá City) – Terça, 20 de abril de 2021

A cidade de Ipirá, localizada a 211 km da capital Salvador, completa nesta terça-feira (20), 166 anos de emancipação política. Inicialmente o município pertencia a Feira de Santana, mas em 20 de abril de 1855, por meio da resolução provincial de número 520 tornou-se independente e assumiu o nome de Santana do Camisão.

Porém o título só vingou até 20 de julho de 1931, quando passou a chamar-se Ipirá, nome de origem Tupi-guarani que significa “cabeça de peixe”, homenagem dada ao rio que banha uma parte da cidade, denominado Rio do Peixe.

O município até hoje, é conhecido por muitos como “Camisão”, expressão esta que nomeou a tradicional festa junina da região como “Arraiá do Camisão”. Não se sabe exatamente qual a sua origem, mas existem hipóteses de como ela surgiu.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), duas delas são popularmente conhecidas, a primeira é a do “Homem do camisão”, conta-se que na região morava um velho português que era proprietário de um rancho e que por sua hospitalidade para com os que ali passavam e por vestir longas camisolas de algodão, deu origem a este nome.

A outra originou-se do Coronel Manoel Maria Camisão, entradista português homenageado pelo Governador Geral do Brasil ao dar seu nome ao aglomerado de ranchos existentes na região.

Apesar de não haver comprovação de nenhuma das versões, para a população a história tem grande relevância cultural, como relata o munícipe Daniel Oliveira, 21 anos, “Eu acho importante pela permanência da cultura da região. Camisão e sua história é algo que precisa ser lembrado sempre quando se fala em Ipirá” disse.

A ipiraense e professora de história Débora da Silva Bastos ,28, destaca a importância histórico/cultural em torno do título “Preservar nossa memória, conhecer nossas origens é manter acesa nossa identidade” comentou em entrevista.

A cultura ipiraense: Legado, referência e pertencimento

O município de Ipirá, ao longo dos anos tornou-se rico culturalmente. Hoje é membro ativo no ramo de peças feitas a partir do couro. Sua feira livre atrai comerciantes e compradores de várias regiões e o São João é um marco para sua população, durante os festejos movimenta diversos setores como o comércio e turismo.

A historiadora Débora Bastos ainda ressalta: “É importante destacar que temos muitos artistas da terra, muitos intelectuais que fizeram trabalhos primorosos e continuam fazendo para que essa chama continue acesa. Ipiraenses como Dilemar Costa e Agildo Barreto são de importância inestimável para preservação e manutenção da nossa memória. Mas é imprescindível que os jovens vejam e se interessem por ela”, comentou.

População jovem essa que segundo a moradora Maria Cecília Alves, 19, vem contribuindo para o processo de esquecimento cultural da região “nos dias de hoje, costumamos desvalorizar nossas raízes e até esquecer de onde viemos”, disse.

Questionada sobre esse processo Débora Bastos cita uma frase da historiadora Emília Viotti da Costa “Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado” finalizou.

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