João Alves Oliveira da Silva nasceu em Ipirá no ano de 1906 e faleceu em Salvador, em 1970.
Pintor e desenhista era um artista autodidata, preparava suas próprias tintas. Mesmo pintando, não abandonou a profissão de engraxate.
Ainda criança foi morar em Salvador, nos bairros de Cosme de Farias, Nazaré e Pelourinho. Ao completar 19 anos, passou a exercer diversos trabalhos como empregado doméstico, auxiliar de torneiro, carregador de caminhão, estivador e engraxate.
Sua cadeira de engraxate ficava na Praça da Sé, onde ele desenhava em caixas de papelão quando não havia clientes. João Alves era capoeirista e tinha o hábito de se vestir de branco. Vivia cercado de crianças que o tratavam como avô, costume que foi retratado por Jorge Amado no romance Dona Flôr e seus dois maridos:“O negro João Alves jamais tivera filhos nem com sua mulher nem com outras, mas arranjava madrinhas para seus netos, comida, roupas velhas e até cartas de ABC. Vivia num porão ali perto, com seus resmungos, suas mandingas, sua aparente brabeza, suas má-criações, alguns dos netos, e o porão abria sobre um vale plantado de verde, de seu buraco, o negro João Alves comandava as cores e a luz da Bahia”.
João Alves foi muito incentivado por Jorge Amado, mas foi Pierre Verger o seu maior incentivador e o primeiro a comprar uma tela pintada por Alves. Outra figura importante na vida de João Alves foi Odorico Tavares, que em suas crônicas se referia a João Alves e adquiriu também obras de João Alves.Por conta da sua situação de pobreza, João Alves muitas vezes precisou contar com a ajuda de amigos e de outros artistas para comprar materiais de pintura.
O artista chegou a comprar latas de esmalte sintético e preparar suas próprias tintas. Mesmo utilizando materiais inadequados em suas obras, suas primeiras produções foram facilmente aceitas e compradas por turistas e colecionadores estrangeiros. Por conta da boa aceitação, João Alves passou a produzir em grande quantidade. Estima-se que sua produção tenha chegado a mais de quatro mil telas, nas quais registrou igrejas, casas, ruas, festas e pessoas.
João Alves participou de exposições coletivas e individuais, chegando a participar da I e II Bienais da Bahia, em 1966 e em 1968, um importante marco na carreira do artista.