Jogador de hóquei russo é detido por supostamente fugir do serviço militar

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Na Rússia, todos os homens entre 18 e 27 anos são obrigados a completar um ano de serviço militar, com algumas exceções; evasão de recrutamento pode ser punível com multas e penas de até dois anos de prisão

O goleiro de hóquei russo Ivan Fedotov foi detido em São Petersburgo na sexta-feira (1°) a pedido da promotoria militar por evasão do serviço militar, segundo relatos da imprensa do país.

De acordo com a agência de notícias Fontanka, a promotoria acredita que há motivos para “considerar Fedotov um evasivo do exército”. Falando à mídia estatal RIA Novosti, seu advogado, Alexey Ponomarev, negou que Fedotov tenha fugido do serviço militar.

O russo de 25 anos, nascido na Finlândia, assinou um contrato de um ano com o Philadelphia Flyers, da NHL — liga nacional dos Estados Unidos — em 7 de maio, após a conclusão da temporada da liga de hóquei russa e chinesa KHL, na qual liderou o CSKA Moscou para vencer a Copa Gagarin.

Fedotov foi preso do lado de fora da Arena de Gelo Kupchino, em São Petersburgo, e transportado para o escritório de registro e alistamento militar, onde adoeceu e teve que ser levado a um hospital, informou a Fontanka.

“Estamos cientes das notícias e estamos investigando a situação. Não temos mais comentários neste momento”, pontuou Chuck Fletcher, presidente de operações de hóquei da Flyers, em comunicado enviado à CNN.

Em entrevista ao canal de notícias russo Match.TV no sábado (2), Ponomarev afirmou que ele e os pais de Fedotov foram proibidos de ver o atleta no hospital.

“Neste momento, não podemos dizer exatamente como as coisas estão. Ele estava no hospital, mas por algum motivo não foi listado como os outros pacientes”, observou o advogado.

“Recentemente, a polícia militar entrou no território do hospital. Eu me apresentei a eles, disse que era advogado e perguntei para que assunto eles tinham vindo. Eles deram meia-volta, entraram no carro e não fizeram nenhum comentário até deixar o hospital”, acrescentou.

“Desde então, não recebemos nada. Pelo que entendi, eles querem transferi-lo em estado grave para algum tipo de órgão de investigação militar, mas ele argumenta, da melhor maneira que pode, que isso não é necessário. Porém, os eventos estão se desenvolvendo rapidamente, e agora ele não entra mais em contato”, relatou Ponomarev.

Na Rússia, todos os homens entre 18 e 27 anos são obrigados a completar um ano de serviço militar, com algumas exceções. Evasão de recrutamento pode ser punível com multas pesadas e penas de até dois anos de prisão.

“É difícil prever o que acontecerá com Fedotov”, avaliou o advogado do goleiro. “Ele estava no território do escritório de registro e alistamento militar da cidade, mas seu registro é de Moscou. Eles encontraram seu certificado, mas ele mora em Vsevolozhsk. Ou seja, ele não tem nada a ver com o registro militar da cidade e cartório de alistamento”, explicou.

“Também ontem, as informações sobre sua presença lá foram ocultadas de todas as maneiras possíveis, apesar de ele ter um telefone e informar seus parentes que ele estava lá. Os funcionários do comissariado militar foram informados de que uma queixa havia sido apresentada ao tribunal e a decisão foi suspensa”, disse.

“O tribunal deve resolver esta questão, mas o procedimento de recrutamento foi violado. Está estritamente descrito na lei. É claro que não é tão simples assim. A julgar pelo último contato com ele, ele não se sente muito bem, ” concluiu Ponomarev

CNN entrou em contato com a NHL, o CSKA Moscou, a Federação Russa de Hóquei no Gelo e Ponomarev, mas não teve resposta imediata.

O goleiro,  que ajudou o Comitê Olímpico da Rússia a conquistar a prata no hóquei no gelo masculino nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, teria sido detido no mesmo dia em que o julgamento de Brittney Griner, duas vezes medalhista de ouro olímpica de basquete dos EUA, começou. Ela é acusada de contrabando de drogas, ato que pode ser punido com até 10 anos de prisão.

Apoiadores de Griner e autoridades norte-americanas dizem que ela foi detida injustamente e pediram sua libertação à medida que aumentam os temores de que ela esteja sendo usada como peão político em meio às crescentes tensões entre a Rússia e os Estados Unidos.

No julgamento, a atleta foi acusada por um promotor de contrabando de menos de um grama de óleo de cannabis em sua mochila e bagagem de mão. A segunda audiência do julgamento está marcada para 7 de julho.

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