Por: Tiago Marques 6 de outubro de 2021
O Jornal Nacional desta terça-feira (5) mostrou uma reportagem sobre a renovação das políticas de cotas raciais. A estudante Carlúcia Alves Ferreira, 21 anos, foi a personagem da reportagem. Ela é moradora do Quilombo Lagoa dos Anjos, em Candiba, na Região de Guanambi, e foi aprovada recentemente no curso de medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul.
A reportagem abordou o início da campanha lançada na Universidade Zumbi dos Palmares com objetivo de prorrogação da lei de cotas, sancionada em 2012 e com validade de dez anos. Esta legislação reserva 50% da vagas para estudantes oriundos de escola pública, incluindo cotas para pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência, de acordo com o percentual destas populações em cada região.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2012, o percentual de negros nas universidades era de 13,27%, passando para 35,8% em 2018. Já a Associação de Dirigentes do Ensino Superior das Instituições Federal (Andifes) afirma que 51,2% dos estudantes destas instituições são pretos ou pardos.
Carlúcia contou na entrevista que foi a primeira de sua geração a acessar o ensino superior. Ela disse que suas conquistas estão incentivando outros jovens do Quilombo dos Anjos a seguir o caminho da educação. “Eu sou a primeira da minha família, da minha geração a acessar a universidade”.
A estudante também falou sobre a transformação que a educação está trazendo para os moradores do Quilombo. “Eu preta, quilombola, sendo médica, para mim é uma honra, porque não é uma luta só minha. Aqui no meu quilombo eu observo o brilho no olhar de cada um. Vejo meus tios voltando a sonhar, vejo as crianças querendo algo que antes elas achavam impossível”, disse.
Ela já começou a assistir as aulas do curso de Medicina na UFPel, ainda em caráter remoto. Antes de iniciar a nova jornada, já havia sido aprovada no curso de Enfermagem da Universidade Estadual da Bahia (UNEB), mas cancelou a matrícula para ingressar no novo curso.
Esta não foi a primeira vez que o empenho de Carlúcia colocou o Quilombo dos Anjos em evidência. Desde 2017 ela coordena um projeto de dança na comunidade. No ano de 2019, o extinto programa “Como Será?”, também da Rede Globo, exibiu uma reportagem mostrando o projeto desenvolvido com as crianças quilombolas. No mesmo ano, o projeto foi finalista do Prêmio Criativo na Escola, e este ano foi finalista da da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace).
Fonte: Agência Sertão / Foto: Divulgação