José Luiz Alves, (José de Benigno) é o homenageado desta semana do quadro ”Personalidade da semana”.

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José Luiz Alves, (José de Benigno) nasceu em Ipirá no dia 17 de novembro de 1929, em uma casa no povoado do Jacaré.

Sr. José de Benigno era curtidor de couro, antigamente o pessoal que curtia, pagava para bater com um macete em uma pedra para triturar. Foi então que  Sr. José comprou um motor de sisal, fez uma adaptação e o serviço, feito em um dia, passou a ser efetuado em pouco mais de um minuto.

Na época em que curtia o couro, todos que faziam o serviço, queriam fazer com o senhor José, pois, ele diferente dos outros trocava a casca, botava outra e o couro assim não ficava como o odor forte.
Antes da ditadura militar, no povoado do Malhador, ele tinha 5 mil couro de veado-mateiro e um depósito cheio de couro de boi, além de ter várias casas e curtumes, mas com a chegada da Ditadura, veio para Ipirá, morar na Rua Castro Alves. Seus filhos começaram estudar na cidade e devido à Ditadura, as coisas começaram apertar e ele começou perder tudo por não ter um giro forte no comércio e então, em 1969, cogitou voltar para o Malhador, mas o Diretor e amigo José Saint´Clair, o aconselhou a não voltar, pois, os seus filhos eram muito inteligentes.

Após pensar teve a ideia de além de curtir o couro, também fabricar, começou a vender e distribuir uma sandália de couro chamada cheirosinha, que a época era uma febre. Ele as levava em uma Kombi lotada até o teto e distribuía na capital baiana, onde se tinha turismo. Boni, um dos seus filhos, relatou o seguinte.

‘Vou lhe conta uma particularidade de meu pai, ele era analfabeto, mas quando adolescente aprendeu as, quartos, operações de matemática jogando baralho, inclusive as pessoas o procuravam para fazer contas quando vendiam e não sabiam multiplicar’, disse.

Em 1977, a situação melhorou bastante e assim, levou toda a família para Salvador, lá se estabilizou e conseguiu fazer com que os filhos, os que quiseram uma formação, se formassem. Claro que a história é um resumo, pois. Sr. José de Benigno, viveu muita coisa boa ao longo da sua trajetória terrestre, mas fica ao final da nossa homenagem o relato emocionado da sua filha, Doredilce Alves, em uma rede social.

” Realmente moramos em Ipirá e meu pai viajava para Salvador, naquela época tinha a casa do estudante e ele era o homem que levava e trazia o sustento para os filhos de muitos que morava naquela casa. Homem que não sabia dizer não, honesto, trabalhador, responsável, excelente pai de família. Era analfabeto, porém fez um propósito no coração que seus filhos estudariam e não teria a mesma profissão que ele, pois era curtidor e autônomo, ganhava seu dinheiro honestamente e com muita dificuldade. Ele tinha uma cabeça e ideias brilhante. Consegui seu objetivo,
Todos os seus filhos estudaram, se formaram, os que não fizeram faculdade é porque não quiseram. Tenho irmão que fez doutorado em matemática, outro 3 faculdades, o objetivo dele passou para os filhos, pois os netos também têm formaturas. Mas tudo isso é importante, porém o maior legado que ele deixou foi, honestidade, lealdade e respeito, entre outros.
Meu pai José de Benigno foi um homem cheio de qualidades e bondade no coração, humildade. Homem leigo, mas muitos amigos e todos nós filhos agradecemos a Deus por ter um pai com tantas qualidades.
Podemos escrever um livro com sua história.
Mas deixo aqui uma ideia para quem ainda não assistiu. No YouTube tem um documentário” A MÃO DO HOMEM “.
Lá você conhecerá um pouco da história e luta dele e companheiros da Umburana.
Grata a Deus pela vida dele. Fazendo 2 anos que foi para eternidade.
Não está, mas entre nós deixando muitas saudades para quem o
Conheceu. Obrigada, meu pai, te amamos.”

A Mão do Homem 1969.

Foto: Senhor José e sua neta/Arquivo Familiar
Vídeo: Senhor José, cantando para sua bisneta/Arquivo Familiar.

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