Uma jovem de 16 anos está há mais de duas semanas desamparada pela Justiça, após ser vítima de um caso de violência. Espancada pelo namorado até desmaiar, ela passou três dias em estado grave, internada em um hospital. A situação aconteceu no Dia dos Namorados, 12 de junho, em Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador.
“Nós estávamos em casa e a mãe dele [namorado da vítima] ligou para mim, dizendo que minha filha tinha passado mal e desmaiado. Fui com o pai dela correndo até o condomínio. Quando entramos, tinham vizinhos falando que ela estava desacordada no chão. Eu achei que ela estava morta, nem consegui ir até minha filha, quem foi, foi meu esposo”, relata a mãe da jovem, Ana Carolina Fonte, 39.
Quando viu o estado da filha, a mãe conta que tentou chamar o Serviço de Atendimento Móvel (Samu), que colocou como condição a ida da polícia para o socorro. A mãe do suspeito pela agressão pediu que Ana Carolina não chamasse a polícia “porque o filho não é bandido”, mas ela acionou os oficiais mesmo assim.
“Quando a polícia chegou, viu o estado da minha filha e pediu para não esperar e a levar imediatamente ao hospital”, conta Ana. Os pais conduziram a filha por conta própria ao Hospital EMEC, particular de Feira. Lá, ela passou três dias internada, com traumatismo leve na cabeça.
“A cabeça dela estava bem inchada, vários cabelos se soltaram, o rosto e lado do peito bastante machucados”, relembra a mãe. De acordo com ela, aconteceram alguns problemas no hospital, pela demora de ser atendida por um neurologista.
No mesmo dia, Ana Carolina foi à Delegacia da Mulher (Deam) da cidade para prestar queixa. Chegando lá, ela foi informada que o registro do caso não poderia ser feito na unidade por se tratar de uma menor de idade. No entanto, não souberam informar onde ela poderia fazer o Boletim de Ocorrência (B.O.).
Desamparada, Ana tentou relatar o fato, no dia seguinte, na delegacia de polícia de Sobradinho, onde também teve dificuldades para ser atendida, e conseguiu, enfim, fazer o B.O. na primeira delegacia, após horas de espera.
Desde então, nenhuma ação foi tomada. Ela não conseguiu uma medida protetiva, enquanto o agressor permanece livre. “Até hoje ela está desprotegida e ele está solto, em festas. Ela não sai de casa, as marcas ficam além do corpo, são psicológicas. Eu tenho que ser forte para ajudar, mas a mente dela está bem bagunçada, tem crises de ansiedade, não consegue dormir…”, revela a mãe.
De acordo com Ana, o namorado da filha já havia a agredido há dois anos. “Na ocasião, eu queixas e pedi uma medida protetiva, mas descobri hoje que não parou na mão de nenhum juiz. Agora, aconteceu pior ainda, e nada foi feito”, lamenta. “Assim como ela, poderia ser outra. Ela está viva, mas poderia estar morta”, acrescenta.
Fonte: (Metro1)