Justiça indicia a National Rifle Association (NRA) por corrupção e pede o fim da entidade

EUA

Procuradora-geral do estado de New York anunciou ação contra a National Rifle Association (NRA) e seu líder Wayne LaPierre (foto) por fraude financeira e má conduta. Em 2016, a NRA injetou $50 milhões nas campanhas de Donald Trump e outros cinco senadores Republicanos.

Por ACHEIUSA -08/08/2020

A chefe da promotoria pública de New York, Letitia James, abriu uma ação contra a poderosa NRA (National Rifle Association) e seu líder Wayne LaPierre por corrupção. A investigação contra LaPierre e outros três diretores da NRA começou em abril de 2019 e revelou um esquema de enriquecimento ilícito e fraude financeira, em que os investigados usaram 64 de milhões de dólares doados para a organização nos últimos três anos para comprar joias, jatinhos, e patrocinar viagens.

Apesar de ser bem conhecida por seu lobby político e ligações com a indústria de armas, a NRA, é na verdade uma organização sem fins lucrativos, isenta de impostos. Neste sentido os desvios de dinheiro da organização são uma ofensa à lei de caridade de New York. A promotora do caso, agora, busca dissolver a organização.

Os quatro “basicamente saquearam os ativos da organização”, disse James, deixando praticamente insolvente o grupo que já foi rico e injetou milhões em campanhas políticas republicanas.

“A influência da NRA tem sido tão poderosa que a organização não foi controlada por décadas, à medida que os altos executivos desviavam milhões para o próprio bolso. A organização está cheia de fraudes e abusos, então hoje procuramos dissolver a NRA, porque nenhuma organização está acima da lei”, completou. 

Em comunicado, a NRA acusou a promotora de abrir um processo para “somar pontos políticos” a três meses das eleições. 

“Este foi um ataque infundado e premeditado à nossa organização e às liberdades da Segunda Emenda que ela luta para defender”, disse a presidente da NRA, Carolyn Meadows em nota.

Influência Política

Durante décadas, a NRA representou milhões de proprietários e advogados de armas nos Estados Unidos, lutando com sucesso substancial para enfraquecer e eliminar as leis que impunham controles, usando a Segunda Emenda à Constituição como argumento. 

Na política, a NRA apoiou os candidatos que se alinharam com seus pontos de vista e criticou aqueles que apoiavam a regulamentação de armas de fogo. Nas eleições de 2016, a instituição injetou $ 50 milhões na campanha presidencial de Donald Trump e outros seis senadores republicanos, tendo elegido cinco deles.

Os filhos do presidente americano, Eric e Donald Jr, são membros e participam regularmente de eventos da NRA. 

Questionado sobre o processo, Trump disse na Casa Branca que se trata de “uma coisa terrível”. “Acho que a NRA deveria se mudar para o Texas e levar uma vida muito boa e bonita”, sugeriu. 

Enriquecimento ilícito

James disse que LaPierre usou ilegalmente os fundos da NRA para pagar jatos particulares para levar sua família em férias de luxo nas Bahamas, e desviou milhões de dólares sem explicação por meio de uma agência de viagens. 

Além disso, a NRA pagou por safaris na África e até mesmo pela associação de LaPierre em um clube de golfe, algo não previsto oficialmente. 

LaPierre também aceitou presentes de luxo e viagens de fornecedores da NRA, e um pacote de retirada de $ 17 milhões foi concedido sem a aprovação do conselho da associação. 

O processo acusa o ex-tesoureiro da NRA, Wilson Phillips, de se contratar como consultor da organização por US$ 1,8 milhão e de esconder dezenas de milhões em despesas para os executivos da NRA.  Também foram acusados o conselheiro geral John Frazer e o ex-chefe de gabinete Joshua Powell. 

A procuradora negou que tenha agido por motivações políticas e disse que o estado apenas forçou duas outras ONGs a fechar nos últimos anos, uma delas, a Fundação Trump. 

A acusação de James ocorre no momento em que a NRA, embora enfraquecida financeiramente, deve injetar grandes quantias nas eleições gerais de novembro.

Fonte: AcheiUSA

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