Livro analisa o culto a Zeus através de moedas e santuários do mundo grego antigo

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A obra “Zeus e a Cidade na Grécia Antiga: Moedas e santuários, política e identidade nas épocas arcaica e clássica” está disponível na Amazon Prime

Por Guilherme Gama – 26/04/2021

“Se Zeus não se vincula à pólis quando esta se origina em torno do século 9 a.C., por quais vias torna-se divindade de relevo 400 anos depois?”, questiona a pesquisadora Lilian de Angelo Laky, arqueóloga no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP e autora do livro Zeus e a Cidade na Grécia Antiga: Moedas e santuários, política e identidade nas épocas arcaica e clássica, lançamento de março da Odysseus Editora. A obra une a análise de santuários dedicados a Zeus, divindade mais importante dos antigos gregos politeístas, e de moedas gregas antigas com imagens dessa divindade. O livro foi originado da pesquisa de doutorado de Lilian e recebeu o Prêmio Tese Destaque 2018 na categoria Ciências Humanas.

“Os leitores vão encontrar como as famosas divindades gregas, conhecidas pelo grande público a partir dos livros de mitologia grega, podem ser compreendidas do ponto de vista histórico e arqueológico e que elas tiveram um papel, na sociedade grega antiga, muito importante na formação da identidade e na organização política de suas cidades” 

Lilian de Angelo Laky – Foto: LinkedIn

O foco da pesquisa foram as épocas arcaica (séculos 7⁰ a 6⁰ a.C.) e clássica (séculos 5⁰ a 4⁰ a.C.), períodos em que houve o início da formação e a consolidação das pólis, cidades-Estado gregas, respectivamente. O objetivo foi entender as mudanças no culto a Zeus. Antes ligado ao agrário e aos pastoril, em picos de montanhas ou em cavernas, e depois, às leis, à justiça e ao poder, nas pólis, e da própria formação desses espaços públicos.

De 2011 e 2014, foram estudados 60 santuários dedicados a Zeus, no Peloponeso, na Ilha de Creta, na Sicília e no sul da Itália e 375 moedas do mundo grego, com imagens dessa divindade, de águias e raios – materiais históricos produzidos nas cidades. Somente em 2014, ela percorreu, de ônibus, e apenas na Grécia, cerca de 3 mil quilômetros atrás de santuários dedicados ao culto de Zeus.

O resultado são 1.483 páginas divididas entre dois volumes intitulados Estudo Histórico e Arqueológico e Corpus Documental, que dão conta da “tarefa que não é fácil” de falar sobre Zeus, nas palavras de Maria Beatriz Borba Florenzano, do MAE, orientadora da pesquisa que originou a obra, A apropriação e consolidação do culto de Zeus pela cidade grega: moedas e santuários, política e identidade em época arcaica e clássica.

Segundo Lilian, no livro, “os leitores vão encontrar como as famosas divindades gregas, conhecidas pelo grande público a partir dos livros de mitologia grega, podem ser compreendidas do ponto de vista histórico e arqueológico e que elas tiveram um papel, na sociedade grega antiga, muito importante na formação da identidade e na organização política de suas cidades”.

Como a professora Maria diz no prefácio, “a pesquisa de fôlego, original, bem sustentada metodológica e teoricamente e que marca como a academia brasileira tem uma contribuição importante a dar à Arqueologia clássica em geral”.

Ovelhas sobre os restos do santuário de Zeus, em Megalópolis, Arcádia – Foto: Lilian de Angelo Laky/MAE-USP

De acordo com ela, o estudo de Lilian aproveita o conhecimento adquirido sobre o culto desta divindade desde a Idade do Bronze na área Balcânica, e exigiu o estabelecimento de contextos históricos precisos e de cronologias específicas além de expertise em numismática, em arquitetura, em análise iconográfica. Como informa o site, no interior da heterogeneidade do mundo grego no Mediterrâneo, a obra consegue definir, com grande originalidade, os traços locais do culto de Zeus, mas também as tendências gerais que marcaram as principais feições da helenidade.

A coorientação foi da professora Aliki Moustaka, do Departamento de Arqueologia da Universidade de Thessaloniki, na Grécia. 

A pesquisa fez parte do Projeto Temático da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) – A organização da khóra: a cidade grega diante da sua hinterlândia – sediado no Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (Labeca/MAE).

Na época, a tese contou com uma etapa de pesquisa no exterior, com bolsa da Fapesp, na Universidade de Thessaloniki e na Escola Britânica de Atenas.

O livro Zeus e a Cidade na Grécia Antiga: Moedas e santuários, política e identidade nas épocas arcaica e clássica está disponível na Amazon Prime através deste link. Informações do site Jornal USP.

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