Livro traz análises sobre a arte de Hélio Cabral

cultura

Em obra lançada pela Editora da USP, o professor Leon Kossovitch aborda 24 pinturas em preto e branco do artista paulista

A Pintura Branca e Preta, de Hélio Cabral, livro do crítico de arte Leon Kossovitch, Professor Emérito do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, acaba de ser publicado pela Editora da USP (Edusp). Nele, Kossovitch analisa, com prosa erudita, 24 obras de Antonio Hélio Cabral, pintor, gravurista e escultor natural de Marília (SP). Todas as composições analisadas, produzidas entre 1987 e 2018, são reproduzidas no livro. O evento de lançamento aconteceu em agosto, na Dan Galeria, em São Paulo, e contou com uma mesa-redonda com a presença de Hélio Cabral, de Leon Kossovitch e do sociólogo Sergio Miceli, professor da FFLCH e diretor-presidente da Edusp.

Dividido em três partes, com mais uma curta entrevista com Cabral, o livro é o sexto volume da Coleção Prismas da Edusp, em que são apresentados estudos aprofundados sobre obras de arte, nacionais ou internacionais, que fazem parte de acervos brasileiros.

A história entre o artista e o crítico é antiga. Em 1995, a Edusp publicou Hélio Cabral, de Kossovitch, na Coleção Artistas Brasileiros, em que foi analisada a obra de Cabral produzida até então. Agora, no livro recém-lançado, Kossovitch estuda “sobretudo pinturas em que Cabral não parte da cena, reduzida a exteriores, mas do próprio processo pictórico, sem contudo desligar-se do objeto”, de acordo com a sinopse divulgada pela Edusp.

Hélio Cabral – Foto: Reprodução/Instagram

Kossovitch, que é especialista em estética, apresenta alguns textos antigos, no original grego e latino, traduzidos por Yuri Ulbricht, seguidos dos comentários do autor. Ele aponta que esses textos gregos e latinos contribuem para a maior compreensão da produção branca e preta de Cabral, “cuja análise parte de conceitos do campo psicanalítico e suas extensões”, ainda conforme a apresentação da editora.

A partir da apresentação desses textos, Kossovitch estabelece relações com a obra de Hélio Cabral. Além disso, descreve obras específicas do artista. Começa por Díptico (2018), duas pinturas de dimensões menores (60 x 60 cm), em comparação com as outras peças, ambas com branco sobre preto, têmpera acrílica sobre tela. As pinceladas brancas que formam “imagens” abstratas são chamadas pelo autor de “vultos”. Em Díptico II, Kossovitch aponta que os “vultos” se apresentam como justaposições e sobreposições de manchas de mesma orientação, o que confere certa regularidade à obra. Já no Díptico I, as pinceladas são descritas como leves e variadas.

Capa de livro com desenhos abstratos.

Capa do livro lançado pela Editora da USP – Imagem: Divulgação/Edusp

Conforme indicado na sinopse da Edusp, Kossovitch ressalta, no livro, “a maneira como fantasia e fantasma se apresentam como par dominante na pintura branca e preta de Cabral” e pontua “como a esse par corresponde o da visualidade e o da visionariedade, trabalhando esses e outros conceitos em profundidade ao longo de suas observações”.

Vidas e obras

Nascido em 1948, Cabral se formou em Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design (FAU) da USP e é um artista multifacetado. Ainda pequeno, mudou-se com a família para Echaporã (SP). A cidade, cujo nome significa, em tupi, “bela vista”, marcou o início da vida artística de Cabral. “Lá, produz, com restos e objetos de fundo de quintal, bonecos que pertencem ao maravilhoso infantil”, de acordo com o site do artista.

Em 1956, Cabral morava em São Paulo e frequentava cursos de desenho na Biblioteca Infantil Monteiro Lobato. No início da década de 1960, começou a frequentar a oficina de Fausto Boghi, artífice italiano. “Aprende técnicas do cinzel por cerca de dois anos e experimenta outras de incisões”, ainda conforme a sua biografia. Em 1970, iniciou os estudos na USP. No mesmo ano, auxiliou na organização da primeira exposição de artes plásticas de alunos da FAU, em que expôs desenhos de humor.

Cabral participou de mostras coletivas no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP e no Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1972. No ano seguinte, realizou a sua primeira exposição individual, na Foca Galeria, em São Paulo.

Já Leon Kossovitch nasceu em Berlim, na Alemanha, em 1942. A sua primeira graduação foi em Engenharia Civil. Depois, graduou-se em Filosofia na FFLCH, onde concluiu o mestrado em 1970, durante a ditadura militar. O título da sua dissertação é Força e Retorno em Nietzsche. Ainda em 1970, foi convidado a lecionar na FFLCH. Doutorou-se em Filosofia pela FFLCH em 1982, com a tese Condillac Lúcido e Translúcido.

A Pintura Branca e Preta, de Hélio Cabral, de Leon Kossovitch, Editora da USP (Edusp), 96 páginas, R$ 82,00.

*Estagiária sob supervisão de Marcello Rollemberg e Roberto C. G. Castro

Leon Kossovitch – Foto: FFLCH-USP

Pintura abstrata.
Pintura abstrata.

Obras de Hélio Cabral – Foto: Reprodução/A Pintura Branca e Preta

Fonte: Jornal da USP / Foto: Reprodução/A Pintura Branca e Preta


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *