Texto por:Avelino Miguel – Sexta, 2 de abril de 2021
De acordo com o Portal RFI, das sete empresas para recolha do lixo contratadas pelo Governo Provincial de Luanda, algumas estariam ligadas a dignatários do regime e familiares do antigo Presidente José Eduardo dos Santos. O negócio da limpeza de Luanda que movimenta por ano mais de 300 milhões de dólares é controlado por altos funcionários do regime.
A cidade de Luanda assiste nas últimas horas a um grande movimento de camiões, no quadro do início da recolha do lixo pelas novas empresas recentemente licenciadas pelo Governo Provincial.
Sete novas empresas cujos nomes dos proprietários não foram divulgados pelo Governo Provincial de Luanda, assumiram o compromisso de melhorar a actual imagem degradante da capital angolana, onde toneladas de lixo se amontoam se amontoam desde dezembro.
De acordo com fontes não oficiais, o general Leopoldino de Nascimento “Dino”, a ex -primeira dama Ana Paula dos Santos, Danilo dos Santos, filho do antigo presidente José Eduardo dos Santos e o empresário António Mosquito estão directa ou indirectamente ligados a algumas empresas seleccionadas para limpar Luanda.
Desconhece-se o valor dos contratos assinados com as sete empresas de recolha de lixo, sabendo-se apenas que o Pesidente João Lourenço disponibilizou 34,8 mil milhões de kwanzas para a contratação de empresas durante oito meses, mas limpar Luanda tornou-se um grande negócio, que movimenta por ano mais de 300 milhões de dólares, um negócio controlado por altos funcionários do regime de Luanda.
As sete empresas que vão limpar nove municípios de Luanda são : a Elisal – Empresa de Limpeza de Luanda – responsável pela limpeza nos municípios de Luanda e Cazenga, a Er-Sol, pelo Icolo e Bengo, a Sambiente os municípios da Quiçama e de Viana, a Multilimpeza com o Cacuaco, a Jump Business com Belas, a Chay Chay com o Kilamba Kiaxi e o consórcio Dassala/Envirobac com o da alatona.
Alguns dados sobre algumas das empresas contratadas pelo GPL, revelados pelo jornal Expansão na sua edição de 1 de abril 2021
Segundo a Agência Nacional de Resíduos, apenas as empresas Sambiente e a pública Elisal constam na lista das 131 empresas autorizadas por este organismo público a desenvolver actividades na área de gestão de resíduos.
A estreante Er Sol, que tem entre os accionistas Danilo dos Santos e Vanda Macedo, irmã da ex-primeira-dama Ana Paula dos Santos, ficou com a responsabilidade da limpeza pública e recolha de resíduos sólidos no município do Icolo e Bengo. O accionista maioritário é a empresa SANUTO que, por sua vez, tem como accionista, com 96%, António Carlos de Oliveira o homem que esteve na constituição do grupo Cochan, que em 2014 cedeu a totalidade da sua participação 70% nesse grupo ao general “Dino“.
Oliveira foi também administrador não executivo da Nazaki Oil & Gas, companhia parceira da empresa norte-americana Cobalt International, que opera os blocos 9 e 21 de pré-sal e que foi forçada pelos EUA a abandonar as operações em Angola, por violação das leis americanas que impedem a associação de empresas norte-americanas com Pessoas Politicamente Expostas. A Nazaki pertencia a Manuel Vicente, e aos generais Kopelipa e Dino.
A recolha de lixo no município do Talatona, foi entregue ao consórcio constituído pelas empresas Dassala e a Envirobac. A Dassala, constituída em 2004 tem um capital social de 3 milhões Kwz e tem como accionistas Alberto Adelino Dassala (86,67%) e os filhos Ernandes Euclides Evaristo Avelino Dassala e Stenley Leandro Dassala.
Quanto à outra sócia do consórcio, a Envirobac, tem como accionistas à sul-africana Enviroserv Waste Management (51%) e à angolana Bacatral – Sociedade de Transportes constituída em 2000 e que tem como accionistas o empresário António Mosquito (75%) e Eduarda Nakunjuka Martinho Pindali (25%).
Noutro ponto da província, o Kilamba Kiaxi estará a cargo da Chay Chay, empresa que também se estreia na limpeza da capital angolana.