Presidente francês e secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, estão à frente de ação para atender população atingida por inundações na região ucraniana ocupada pela Rússia
A situação humanitária na Ucrânia após o colapso da barragem de Nova Kakhovka foi o tema da conversa entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, na quarta-feira (7), informou o Palácio do Eliseu em comunicado.
“O Presidente da República mencionou que o Centro de Apoio e Crise em breve enviará um primeiro comboio de cerca de dez toneladas de equipamentos para atender às necessidades imediatas da população civil (saúde, higiene, purificação de água, cisternas portáteis)”, diz o comunicado.
“Ele também expressou a esperança de que a ajuda humanitária seja fornecida às populações ucranianas afetadas pelas inundações e que vivem em territórios controlados pelo exército russo”, continuou.
Na quarta-feira, Macron também conversou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, onde expressou sua “solidariedade com o povo ucraniano após o ataque à barragem de Kakhovka”.
“A França condena este ato atroz, que está colocando em risco as populações”, disse Macron no Twitter. “Nas próximas horas, enviaremos ajuda para atender às necessidades imediatas”, disse.
Novos riscos
A massa de água que invadiu o sul da Ucrânia trouxe vários riscos à população local, bem como aos animais que ali residem. O diretor nacional da entidade ambiental CARE Ucrânia, Fabrice Martin, informou em comunicado que um grande número de minas terrestres foram arrastadas pela torrente e podem causar explosões em diversas cidades. “Agora estão flutuando na água e representam um grande risco”, disse.
Martin também observou “as consequências catastróficas” que o rompimento da barragem poderia ter sobre o meio ambiente. “Pelo menos 150 toneladas de petróleo foram lançadas no rio Dnipro com o risco de mais vazamento de mais de 300 toneladas”, disse Martin, endossando comentário feito pelo ministro ucraniano do Meio Ambiente, Ruslan Strilets. Isso pode levar ao desaparecimento do Parque Natural Nacional Nyzhniodniprovskyi, que tem mais de 80 mil hectares de terra protegida.”
Desde o anúncio do colapso da barragem de Nova Kakhovka, na região da Ucrânia ocupada pela Rússia, há temores de uma catástrofe ecológica. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, descreveu a situação como “uma bomba ambiental de destruição em massa”. “As consequências da tragédia ficarão claras em uma semana. Quando a água acabar, ficará claro o que resta e o que acontecerá a seguir.” Ele também advertiu que o colapso da barragem pode deixar milhares de pessoas sem água potável.
As preocupações agora estão voltadas para os perigos para a vida selvagem, fazendas, assentamentos e abastecimento de água das enchentes. Especialistas alertam para o risco de surgimento de doenças com transmissão ligada à água, como a cólera.
Os dois países trocaram acusações sobre a destruição da barragem, sem fornecer provas concretas de que o outro é culpado. Ainda não está claro se a barragem foi atacada deliberadamente ou se o rompimento foi resultado de falha estrutural.
Desde a explosão, as autoridades russas e ucranianas têm atuado para retirar a população das áreas atingidas. Até agora, ao menos 2 mil pessoas foram retiradas de suas casas no território ucraniano que ainda está sob controle de Kiev. O nível da água atingiu seu mais alto nível em 17 localidades, atingindo uma população de 16 mil pessoas. Bairros inteiros estão debaixo d’água em várias cidades.
Muitos moradores passaram a noite nos telhados de casas que ficaram praticamente submersas em cidades como Kherson e Nova Kakhovka. Os resgates estão em andamento, muitos com barcos infláveis improvisados.
(Com informações da Reuters)
Fonte: CNN