Mais um suspeito de participar da morte de Bruno e Yan Barros, assassinados após furtarem carne no supermercado Atakadão Atakarejo em abril deste ano, foi preso em um imóvel na Rua Itajua, no bairro do Nordeste de Amaralina, em Salvador.
De acordo com a Polícia Civil, o mandado de prisão, expedido pela 1ª Vara de Tóxicos de Salvador, foi cumprido na segunda-feira (6) por equipes do Grupo de Capturas (GCAP), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O homem, que não teve a identidade divulgada, foi conduzido para a 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico) e o celular apreendido com ele encaminhado à perícia. Ele foi submetido a exame de lesões corporais e está à disposição da Justiça.
No dia 12 de julho, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou e pediu a prisão das 13 pessoas envolvidas em crimes que resultaram nas mortes de tio e sobrinho.
Três dias depois, a Justiça determinou a prisão preventiva de 11 dos 13 suspeitos de envolvimento nas mortes de Bruno e Yan:
- Agnaldo Santos de Assis (gerente-geral do Atakarejo do Nordeste de Amaralina) e Cláudio Reis Novais e Cristiano Rebouças Simões (prepostos da mesma loja). Eles foram denunciados pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e sem possibilitar a defesa das vítimas, constrangimento ilegal e extorsão;
- Victor Juan Caetano Almeida, David de Oliveira Santos e Francisco Santos Menezes. Apontados como responsáveis por entregar as vítimas aos executores, eles foram denunciados por crimes de homicídio qualificado e cárcere privado;
- Lucas dos Santos, João Paulo Souza Santos, Alex de Oliveira Santos, Janderson Luís Silva de Oliveira e Rafael Assis Amaro Nascimento, identificados como autores da execução, eles foram denunciados por homicídio qualificado.
No dia 19 de julho, Victor Juan Caetano Almeida, se apresentou à polícia e teve o mandado de prisão cumprido. As investigações apontam que ele teria sido o responsável por entregar as vítimas aos executores do crime. A polícia não detalhou sobre a apresentação dos outros suspeitos que tiveram mandados de prisão expedidos. No entanto, a defesa de Cláudio Reis Novais, informou a equipe de reportagem da TV Bahia, que ele se apresentou à polícia em 16 de julho.
No mês seguinte, em agosto deste ano, a Defensoria Pública da Bahia (DPE) protocolou na Justiça uma ação civil pública contra a rede de supermercados Atakarejo. A ação pedia reparação de R$ 200 milhões por dano moral, social e coletivo por causa dos assassinatos de tio e sobrinho.
Denunciados que vão responder em liberdade
Os outros dois suspeitos, que também foram denunciados pelo MP-BA, mas não tiveram a prisão preventiva decretada são: Ellyjorge Santos de Lima e Michel da Silva Lins. No caso deles, as denúncias foram por ocultação de cadáver.
No documento, a juíza Gelzi Almeida Souza determinou que eles respondam em liberdade, com a aplicação de medidas cautelares. As medidas são: comparecimento em juízo mensalmente; proibição de qualquer contato com familiares das vítimas e testemunhas do processo e a proibição de sair de Salvador sem autorização judicial.
No despacho, a juíza apontou que essas medidas são cabíveis porque o crime de ocultação de cadáver prevê pena de reclusão inferior a quatro anos.
Soltura de Michel Lins
A soltura de Michel, que tem 21 anos, aconteceu ainda no dia 14 de julho e foi comemorada pela família.
De acordo com os familiares, Michel não participou do crime e estava preso inocentemente. Ele foi detido durante uma ação policial, no dia 30 de junho, pela suspeita de descartar dos corpos das vítimas.
A polícia alega ter identificado Michel por câmeras de segurança, que registraram a motocicleta que pertence a ele no local do crime. A família confirma que a moto que aparece nas imagens é dele, porém, diz que o veículo estava emprestado a um amigo do rapaz.
A família afirma ainda que o homem que fez o descarte dos corpos se deslocou na moto como cliente do amigo de Michel, que é mototaxista, a quem a moto estava emprestada. Esse homem teria solicitado a corrida no bairro de Brotas.
Por causa da prisão, a família fez protestos em Salvador. Na época, os familiares também disseram que o amigo de Michel, que estava com a moto, prestou depoimento à polícia.
A irmã de Michel, Michele da Silva Lins, disse que existem álibis que podem comprovar a não participação dele no crime. Segundo ela, no momento em que as mortes ocorreram, Michel separava uma briga de vizinhos no bairro, e não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo.
A delegada Zaira Pimentel informou, no entanto, que nenhum álibi chegou até ela e que a polícia tem indícios da participação dele, que a moto dele estava no local e que há também depoimentos que relacionam Michel ao caso.
Investigações e operações
A polícia deflagrou no dia 10 de maio a primeira fase da Operação Retomada, realizada pelo DHPP. Na primeira fase, oito pessoas, entre seguranças e traficantes, foram presas. Três são funcionárias do Atakarejo e outras cinco são suspeitas de tráfico de drogas e de envolvimento no crime.
Em uma entrevista coletiva, no mesmo dia, a polícia confirmou a versão da família de que tio e sobrinho foram entregues aos suspeitos de tráfico por funcionários do supermercado.
No mesmo dia, três funcionários do Atakarejo foram presos em uma operação policial. Ainda na coletiva, a polícia disse que os seguranças pediram R$ 700 para liberar as vítimas.
Além disso, um jovem de 25 anos morreu após ser baleado em um suposto confronto com policiais militares no bairro da Chapada do Rio Vermelho, em Salvador, no dia 1° de julho. Matheus Santana de Assis é suspeito de envolvimento nas mortes de Bruno e Yan Barros. A PM informou que houve troca de tiros, no entanto a família diz que os PMs invadiram o imóvel, pediram para a criança e a sogra dele se retirar, e o mataram.
Mortes de Yan e Bruno Barros
Na noite de 26 de abril, dois homens foram achados mortos na localidade da Polêmica, em Salvador. De acordo com a Polícia Civil, eles foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo. À época, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas.
Um dia depois, eles foram identificados como Bruno Barros e Yan Barros. Já no dia 29 de abril, a mãe de Yan, Elaine Costa Silva, revelou que ele foi morto após ter sido flagrado pelos seguranças do supermercado Atakarejo furtando carne no estabelecimento.
Segundo ela, o tio de Yan, Bruno, que também foi morto, enviou áudios a uma amiga informando o que tinha acontecido e pedindo ajuda para não ser entregue aos traficantes do Nordeste de Amaralina. No áudio, Bruno chegou a pedir para que a amiga chamasse a Polícia Militar, o que a jovem alega ter feito.
Apesar de o crime ter acontecido no dia 26 de abril, o supermercado Atacadão Atakarejo só afastou os seguranças envolvidos no caso 11 dias depois, no dia 6 de maio. Imagens gravadas por um celular flagraram um dos seguranças do local agredindo Yan.
Fonte: g1 Bahia