Por Agildo Barreto – Domingo, 7 de julho de 2024
A história da politicagem de Ipirá despencou de vez; virou uma grande farsa. Uma única família vai abocanhar a prefeitura sem muito esforço, sem muita escaramuça, mas de boa, com base na astúcia. No pacote embrulhado e amarrado vem a candidatura da esposa do deputado Jurandy Oliveira e a candidatura do sobrinho do deputado Jurandy Oliveira. Chova ou faça sol vai dar a família Oliveira.
Os mais jovens não tiveram a desventura de vivenciarem uma coisa tenebrosa, que assustava e inquietava uma juventude inteira. Dois clubes sociais: o Caboronga e o Ipiracy. Quem frequentava o Clube Caboronga não entrava no Clube Ipiracy e vice-versa. Prevalecia a mão-de-ferro. O povão não entrava em nenhum dos dois, seu rala-bucho era no mercado de farinha.
A população estava ferrada e dominada. Três famílias formavam a elite política que controlava o povo por meio do chicote e da opressão. A autoridade do coronel era absoluta e inquestionável. A autoridade da justiça ficou conhecida e falada; ‘eu te entrego à Justiça do Camisão’ era a sentença fatídica. A autoridade da batina e da cruz amedrontava o povo, ninguém queria ir para o inferno, muito menos ter ‘pata com o diabo’ mesmo recebendo uma panela de dinheiro. A autoridade da polícia torturava na calada da noite; triste da ‘mulher de vida fácil’ que morava no Tanque de Santana, que era ficante no coió de Anália, que era precisamente um cabaré decente, que teve as mãos inchadas por bolos de palmatória, por usar uma mini saia e ainda ficou falada na rádio Globo do Rio de Janeiro. ‘Triste Ipirá! O quão dessemelhante.’
Essa coisa maldita, perversa e cruel era a essência do sistema jacu e macaco, a sua face obscura, que tinha por base de sustentação a fazenda de gado humano, o tal do curral eleitoral: o proprietário, o vaqueiro, o gado humano ferrado, batizado e dominado. Aqui pra gente, esse sistema jacu e macaco já deu o que tinha que dá! Embora ainda, prevaleça moribundo atrás do poder municipal, sem querer desaparecer. Que vá logo para o inferno.
O sistema jacu e macaco criou um monstro que está devorando seus atuais e legítimos representantes. Os últimos líderes do sistema jacu e macaco, Luiz Carlos Martins e Antônio Colonnezi estão num mato sem cachorro, perderam as rédeas e o registro da chefatura. São os últimos chefes do pedaço. Não conseguem manter o status quo.
Não é mais como antigamente. Para manter a fazenda humana dominada e controlada dá muito trabalho e ficou custosa demais; custa os olhos da cara.
Com uma brutal mercantilização, o dinheiro foi ganhando espaço, aceitação e força como moeda de troca, toma lá dá cá; passando a ser o grande e maior paradigma, até mesmo suplantando a consulta grátis. A medicina já não dá o prestígio dantes, doravante a consulta paga com dinheiro apaga, sufoca e enterra a consulta grátis paga com voto.
A UPA, o SUS com atendimento amplo, geral e irrestrito, além de gratuito, tirou a força, o prestigio e a performance do médico-líder, que optou pela cobrança da consulta.
O clientelismo necessário para manter o poder ficou caro. Até mesmo o líder-médico passou a dançar essa música. Para alcançar o poder político tem que ter dinheiro. Agora um comerciante rico pode ser mais forte do que um médico remediado.
Com a prefeitura existem muitas facilidades; sem a prefeitura, são obrigados a meter a mão no bolso para sustentar uma malandragem que possui um grande trânsito e influência dentro do sistema. Os líderes não são bestas, nem bobos. Continuar sendo donos e proprietários de fazendas de votos custa muita grana e grande sacrifício. Muitas vezes não vale a pena, nem compensa para os médicos. O eleitorado de Ipirá ficou amarrado nesse novo mourão.
A politicagem de Ipirá naufraga em mar revolto. O sistema jacu e macaco já deu o que tinha que dá; está saturado, superado e empacado. Não consegue responder as demandas do município e da população. O sistema vive uma crise profunda e irreversível. Uma crise de liderança.
Seus líderes estão degringolando e sem poder de autoafirmação. A liderança do macaco Antônio Colonnezi ficou estrangulada e amarga uma posição coadjuvante, não exerce mais o protagonismo anterior, não viaja mais na janela da frente, saiu do comando, foi ultrapassada pela máquina possante do chefete Dudy, que tem como motorista o ex-prefeito Dió.
A liderança do jacu Luiz Carlos Martins está se afogando numa bacia de lavar o rosto. Sem recursos financeiros largos para bancar uma campanha competitiva; órfão do governo do estado e com dificuldades políticas para manter uma candidatura da família Martins na cabeça; sem conseguir formar uma coalizão que favoreça à possibilidade de tomada do poder; balançou a roseira e entregou o cabedal de treze mil votos ao primeiro aventureiro que bateu na sua porta. Está se afogando agarrado num tronco que não dá mais fruto.
O vereador Deteval Brandão cantou a pedra: ‘já foi e caiu de maduro!’ O vereador é o maior defensor do que ele chama de Nova Política. Aí, falam em Antônio Colonnezi para vice-prefeito de Tiago. Oxente! Que desgraceira é essa na estrada de Feira?
Não era o Novo? Que Novo é esse? Um Novo que não consegue se livrar da tradição. Que está preso ao passado como a um fantasma maldito que não larga o osso, do qual não consegue se livrar, se desgarrar. Um Novo que chega amarrado pelo pescoço e germina num pau de fuso querendo ser uma melancia. Um Novo que não consegue se desvencilhar, se soltar, se desgarrar da sua própria sombra. Que Nova Política é essa?
Que Novo é esse? Que não consegue se sair do velho e antigo parceiro; nem mesmo desfazer o casamento, parece que não existe divórcio do macaco. Isso é farinha do mesmo saco.
Sabe por que é farinha do mesmo saco? Porque não consegue atender à reivindicação da federação que quer Renê na vice, preferindo um antigo membro da velha política, que eles dizem não querer aproximação.
Que Política Nova é essa? Que dispensa a ex-vereadora Paula de Enedino da vice, afirmando que ela não é de confiança plena? Oxente, seu Novo! Explique aí porque Antônio Colonnezi é merecedor de plena confiança, se o homem esteve com a mala e a cuia no bagageiro da jacuzada! Explica isso ai, cara!
Na verdade, o tal do Novo não consegue se desligar da antiga liderança tradicional macaca nem a pau. Esse tal do Novo é um grande, velho e antigo blefe, que não consegue se desvencilhar de sua própria assombração, a velha e morfa caricatura de macaco, que sucumbe por não ter resposta para os verdadeiros problemas do município de Ipirá. Que Nova Política da desgraça é essa?
O sistema jacu e macaco desgastou-se, sem saída, ruiu. O que prevalece hoje na política de Ipirá? Um porquinho de barro para poupar moedas. Num mês, vinte milhões de reais; num ano, duzentos e quarenta milhões de reais; em um mandato, um bilhão de reais.
O porquinho de barro ficou gravido e virou o cofre da prefeitura, abarrotado de milhões. Quem vai tomar conta dessa grana? A família Oliveira agradece ao seu voto. Esse será o resumo da farsa. Esse será o resultado da farsa política. A montanha pariu um rato assustado.