Mercado aposta em contingenciamento de até R$ 10 bi no governo Lula em julho

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Projeção é de que governo vai reter parte do necessário para atingir meta zero

Agentes de mercado consultados pela CNN apostam que o primeiro grande contingenciamento de recursos no regime do novo arcabouço fiscal acontecerá após a divulgação do terceiro Relatório Bimestral de Receitas e Despesas Primárias, marcada para o dia 22 de julho.

A avaliação é de que o governo Lula ainda está distante de alcançar o patamar de receitas necessário para atingir a meta de déficit primário zero neste ano. Quando o relatório bimestral mostra o descasamento entre estas variáveis, o governo deve contingenciar recursos (o que não significa cortar, mas reter até que haja equilíbrio).

A projeção do economista Tiago Sbardelotto, da XP Investimento, é de que o governo Lula precisará contingenciar neste ano cerca de R$ 32 bilhões para atingir a meta de déficit zero. A expectativa, contudo, é de que cerca de R$ 10 bilhões sejam contingenciados já no dia 22.

Nos cálculos do economista haverá ainda necessidade de bloqueio (mecanismo usado pelo governo para reter verba discricionária quando as despesas obrigatórias avançam mais que o esperado). Para o economista, até o fim do ano haverá necessidade de bloquear R$ 16 bilhões, sendo R$ 8 bilhões após a divulgação do terceiro relatório bimestral.

Jefferson Bittencourt, economista da ASA, também acredita que o governo será forçado a reconhecer frustrações com receitas em julho, especialmente em relação a processos no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf).

Na projeção do ex-secretário do Tesouro Nacional, deve haver o “menor contingenciamento possível”, na casa dos R$ 6 bilhões, deixando o restante do ajuste para o quarto boletim bimestral, a ser divulgado em setembro.

O relatório Macro Visão do Itaú, que circulou entre os principais agentes do mercado nas últimas semanas, sinaliza que um contingenciamento em julho é “fundamental” para o cumprimento da meta. Sua previsão é de que será necessário reter ao todo R$ 38 bilhões em recursos em 2024.

Há também dissonância entre os agentes. Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, acredita que o governo Lula irá postergar o contingenciamento para adiante. O especialista avalia que a gestão permanecerá em busca do aumento de receitas para evitar este tipo de ajuste.

Economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale crê que o governo Lula avalia realizar o primeiro contingenciamento em julho, observando estar mais distante das eleições municipais e a preservação de seu capital político. O economista, porém, não descarta que o ajuste seja realizado somente nos últimos relatórios.

Fonte: CNN Brasil / Getty Images

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