Minicomprimidos a partir de cálcio de origem marinha aumentam absorção do mineral

saúde

Por Julia Estanislau

Os pequenos comprimidos repõem não apenas do cálcio, mas outros oligoelementos presentes na alga vermelha que são essenciais ao funcionamento das funções vitais

Essencial para o bom funcionamento do organismo, das funções neuromusculares e da coagulação, assim como responsável pela constituição dos ossos e dos dentes, o cálcio é um mineral muito explorado pela indústria farmacêutica. A suplementação passa a ser indispensável, principalmente pela ingestão inadequada do mineral, e a sua falta pode causar em, dentre outros problemas, a osteoporose.

Os comprimidos que contém carbonato de cálcio são os mais comercializados como suplementos alimentares, mas não viabilizam a absorção total do sal de cálcio. Podem ocasionar, ainda, desconforto gástrico e são de difícil deglutição, necessitando sempre serem tomados acompanhados de água.

Pensando nesses problemas, pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP desenvolveram minicomprimidos para tratamento de deficiência de cálcio, que têm liberação prolongada e lenta do cálcio no organismo, em até 12 horas.  “Desenvolvemos a formulação associando a vitamina D3 que está contida no revestimento e que, ao deglutir os minicomprimidos, em contato com a saliva, desliza facilmente sem a necessidade de consumir água”, explica Rosana Pereira da Silva, pesquisadora da FCF-USP. 

A vitamina D3 está associada a um aumento da absorção de cálcio pelo organismo, o que aumenta a eficiência dos comprimidos. Com a maior absorção, menos cálcio é liberado nas fezes. A estrutura também torna a deglutição muito mais fácil, principalmente para pessoas que não conseguem ingerir comprimidos grandes, como crianças e idosos.

Rosana da Silva Pereira - Foto: researchgate

Rosana da Silva Pereira – Foto: Researchgate

O cálcio dos minicomprimidos, no entanto, é de origem marinha, proveniente de depósitos de alga vermelha, rico em elementos e oligoelementos como magnésio, manganês, cromo e zinco – diferente dos já presentes no mercado brasileiro. Os oligoelementos são catalisadores no metabolismo e a deficiência deles ocasiona disfunção fisiológica. 

“Essa é uma grande vantagem, porque, na composição da alga é possível encontrar uma quantidade significativa desses oligoelementos”, diz Rosana. A ideia dos comprimidos surgiu do mestrado da pesquisadora, que foi concluído no Laboratório de Desenvolvimento e Inovação Farmacotécnica (Deinfar) e coordenado por Humberto Gomes Ferraz, diretor da FCF-USP, e patrocinado por uma empresa que tem autorização para explorar essa fonte.

“Diante dos problemas em consumir comprimidos muito grandes, pensando em pacientes com dificuldade de deglutir e na ausência desses oligoelementos na nossa dieta, desenvolvemos a formulação de minicomprimidos para suplementação não somente do cálcio, mas também dos importantes oligoelementos que nele contém, além de facilitar a administração”, explica. 

O produto já está sendo desenvolvido desde 2018, mas os sócios que têm autorização para explorar essa alga marinha ainda estão buscando parceiros para colocá-lo no mercado. “Este produto entraria na Anvisa com uma certa facilidade na categoria de suplementos alimentares, porque não é exigido tanto da parte regulatória de suplementos como é exigido para o registro de outros produtos, como um novo medicamento”, diz.

Fonte: Jornal da USP

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