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Por Priscila Soares – Terça, 17 de agosto de 2021

Das vantagens de ser uma surda que ouve

_ Mulher, a dog latiu a noite toda. Choveu, tu não ouviu, não? O alarme do carro do vizinho disparou. Perdi a noite.

_ Não ouvi nada. Silêncio absoluto. Estava com o botão off ativado!

Brincar é vital

As brincadeiras de rua marcaram nossa infância,  a galera das décadas de 80/90. Morávamos num pequeno povoado e sempre que não estávamos estudando ou ajudando em alguma atividade em casa, corríamos para brincar na rua de alguma coisa e sempre tinha alguém disponível.

Amarelinha, pula-corda, cantigas de roda, bolinha de gude, pega-pega, mímicas, baleado, sete cacos, casinha, e jogos de imitação eram nossas brincadeiras preferidas.

Às vezes rolava alguma confusão e as mães apareciam e mandavam  todo mundo pra casa.

Brincar era uma necessidade vital, tínhamos poucos ou quase nenhum brinquedo de plástico, inventávamos brinquedos com qualquer objeto descartado das nossas casas, mas isso não era um empecilho para uma infância feliz, pois tínhamos o mais importante: o contato e a interação com outras crianças.

Força Maior

Contemplar o céu é algo que tem lugar garantido na sua agenda. Sempre encontra algumas respostas e dúvidas também surgem desse exercício.

Pensa em como o céu é democrático, telhado de pobres e ricos, beleza acessível em qualquer lugar do mundo, suas cores trazem  belas lições: a mutação e a diversidade.

Dizem que Deus mora lá deve ser por isso que sempre lança o olhar em sua direção, pois sente a presença e a imensidão da Força Maior que rege o universo.

Musicoterapia

Ouvir música era uma espécie de terapia, para ela, um dia sem música era um dia desperdiçado. E pasmem: era surda.Uma surda que ouve!

Bicho homem

Quando criança, ela temia os animais ferozes e os monstros das histórias. Depois que cresceu,  o bicho homem passou a ser o animal mais temido por ela.


Priscila Figueredo Soares é professora da rede pública estadual da Bahia e autora da página @estesiapoetica.

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