Ministério da Saúde quer doar testes de Covid prestes a vencer ao Haiti e Santas Casas

Brasil Covid-19

Com um estoques de testes para diagnosticar a Covid-19 prestes a vencer, o Ministério da Saúde agora pretende doar, ao mesmo parcela desta quantidade. O material está em um armazém federal e vence a partir de abril. 

Conforme apurado pelo Estadão, a pasta definiu a estratégia de doar os testes em uma tentativa de reduzir o estoque e evitar mais desgaste à imagem do ministro da Saúde Eduardo Pazuello. 

O plano é entregar ao Haiti um milhão desses exames. Outro lote foi oferecido a hospitais filantrópicos e Santas Casas, mas outra reportagem, também do Estadão, revela que essas entidades devem recusar.

A Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) fez um alerta para essas unidades. “São testes com prazo de validade até abril de 2021”, diz trecho do texto da confederação obtido pela reportagem. “Dessa forma, recomendamos às instituições que pleitearem a doação dos mesmos que o façam com responsabilidade, para que não passemos a concentrar em nós e nas nossas instituições a responsabilidade pelo vencimento dos testes”, recomendou em outro trecho. 

Em novembro de 2020 veio à tona a informação de que o ministério tinha um estoque de cerca de 7,1 milhões de exames do tipo RT-PCR, o “padrão ouro” para para diagnóstico da Covid-19, e que estavam próximos da data de validade. Os testes tiveram o vencimento prorrogado por quatro meses. 

De acordo com o Estadão, 2,1 milhões de exames foram entregues até o momento, mas a gestão de Pazuello continua com dificuldade para consumir o estoque.

O processo de detecção da doença exige também a disponibilidade de cotonetes swab, tubos coletores, reagentes de extração do RNA e outros insumos que nem sequer o Brasil conseguiu comprar em grande escala. Uma equipe de Pazuello está em Porto Príncipe para negociar a entrega e avaliar se o país tem condições de receber o material.

A negociação para a entrega dos exames ocorre no momento em que Pazuello está sob pressão e tenta evitar novos fracassos de logística. O general é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta omissão na ajuda ao Amazonas e precisou depor à Polícia Federal na semana passada.

O ministro também é alvo de críticas pela demora para comprar vacinas, pelo avanço da pandemia no país e por acompanhar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na aposta em medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19, tais como a cloroquina.

Em novembro, o Estadão revelou que o ministério guardava 7,1 milhões de exames do tipo RT-PCR, o mais indicado para diagnóstico da doença, e a maior parte (96%) teria de ir ao lixo entre dezembro e janeiro por estar próxima do vencimento da validade.

Em dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) analisou estudos da fabricante e prorrogou, por quatro meses, a validade dos testes. Até o momento, 2,1 milhões de exames foram entregues, mas a gestão de Pazuello continua com dificuldade para consumir o estoque.

O Itamaraty e o Ministério da Saúde afirmam que a iniciativa é uma resposta do Brasil a pedido do governo haitiano. Contudo, não se sabe se a quantidade ofertada foi proposta pelo Brasil ou pelo país caribenho. O governo brasileiro disse que ainda avalia quanto será doado.

O Brasil tem fortes laços com o Haiti e chefiou uma missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no país caribenho, entre 2004 e 2017. Os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e o comandante do Exército, Edson Pujol atuaram no país comandando tropas internacionais.

No período, o Ministério da Saúde também participou de ações para reconstruir o sistema de vigilância sanitária, destruído pelo terremoto de 2010.

A Embaixada do Haiti no Brasil afirma que não “está a par” das conversas. Segundo o jornal, o diálogo está sendo feito diretamente entre o governo brasileiro e o Ministério da Saúde do Haiti.

Fonte: Metropoles

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