Por Maizy Rios ( Portal Ipirá City) – Quarta, 19 de agosto de 2020
Costuradas nas entrelinhas,
escritas nas páginas queimadas
e não expostas dos livros de história,
há um capítulo jamais publicado.
Sobre grandes heróis, representantes pretos,
buscadores de justiça e povos desrespeitados.
Dores maquiadas de quem morreu e não foi honrado,
de quem nem chegou a ser enterrado,
de quem derramou o sangue pela pátria
pra que a pátria limpasse a sujeira e fingissem demência.
Eles são os versos nunca lidos,
os guerreiros nunca aplaudidos.
Dandara não ganhou medalha,
mas ganhou abrigo
O abrigo dos capítulos nunca escritos sobre seus pés de capoeira,
deixados de lado ou quase nunca folheados.
Escondida por trás de Palmares
Há muito mais que uma história,
Há uma guerreira sem armas
Que não lutou por vitórias,
Lutou por liberdade
E carrega nos seus ombros,
Os seus filhos, o machismo e o pesar da própria morte!
É Dandara, é mainha,
É Dandara e é preta!
Quantas vezes preciso dizer o nome Dandara,
para você se recordar dela?
E os tantos índios injustiçados,
arrancados de sua cultura para serem colonizados
Há quem diga que apenas pretos foram escravos
todavia, não esquecemos que os indígenas também foram aportuguesados.
E Augusto Santa Cruz nem sete palmos de terra,
entretanto, o deboche do “presidente” foi entregue de bandeja para o seu filho.Todos já notaram que o capitão foge do real combate,
a camuflagem do sarcasmo do mesmo
termina antes do início dos debates.
Os personagens diversificados,
são as medalhas jogadas no fundo da gaveta,
procurados de forma superficial
E perdidos nos traços mais minuciosos,
Na rua dos desaparecidos,
casas de números 1540, 1694 e 1964.
Foram encontrados em paredes cheias de história,
mas, sem muitos pingos de tinta para descreverem
quem eles foram de verdade.
Maizy Rios, estudante do CENP. Texto de 2019.