Movimento de queda no preço do leite ao produtor perde a intensidade

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Desaceleração no movimento de queda no preço do leite no campo – que ocorre desde setembro – pode ser explicada pelo momento de transição observada em dezembro: de um lado, a demanda na ponta final da cadeia se manteve enfraquecida e pressionou as cotações dos lácteos, mas, de outro, a captação ficou mais limitada.

O preço do leite captado em dezembro e pago aos produtores em janeiro se manteve praticamente estável na “Média Brasil” líquida do Cepea, fechando a R$ 2,5214/litro, recuo de apenas 0,3% frente ao mês anterior. Apesar disso, a média deste mês ainda ficou 13,7% acima da registrada em janeiro de 2022, em termos reais, sendo também a maior para um mês de janeiro, considerando-se a série histórica do Cepea, iniciada em 2004 (os valores deflacionados pelo IPCA de dezembro de 2022).

Vale ressaltar que os valores médios de Minas Gerais, do Paraná e de Santa Catarina registraram quedas menores que 1%, enquanto os de São Paulo e de Bahia apresentaram recuos acima de 2%. Por outro lado, as médias em Goiás e no Rio Grande do Sul avançaram, mas as variações estiveram abaixo de 1%.

A desaceleração no movimento de queda no preço do leite no campo – que ocorre desde setembro – pode ser explicada pelo momento de transição observada em dezembro: de um lado, a demanda na ponta final da cadeia se manteve enfraquecida e pressionou as cotações dos lácteos, mas, de outro, a captação ficou mais limitada.

De novembro para dezembro, os preços médios negociados pelo leite UHT e pela muçarela entre indústrias e canais de distribuição no estado de São Paulo tiveram quedas reais de 7,2% e de 6,2%, respectivamente. Segundo colaboradores consultados pelo Cepea, apesar de as vendas terem se aquecido ligeiramente por conta das festas de final de ano, a demanda seguiu fragilizada, o que resultou em baixa nos valores de negociação.

Já em relação à oferta, a entressafra no Sul do País avançou, e a produção não cresceu como esperado no Sudeste e Centro-Oeste. O clima mais adverso e o estreitamento das margens dos produtores são fatores que explicam esse cenário.

O Índice de Captação Leiteira do Cepea (ICAP-L) recuou 0,15% de novembro para dezembro na Média Brasil. Nos Estados do Sul, houve retração média de 2%, ao passo que, nos estados do Sudeste e Centro-Oeste, a alta foi de apenas 1%. Agentes de mercado relataram que a concorrência por fornecedores voltou a crescer.

Nesse contexto, a estratégia das empresas sobre a precificação do produtor em dezembro foi mais heterogênea, tanto na intensidade do repasse da queda quanto no diferencial praticado em relação às faixas de produção.

Expectativa

Colaboradores consultados pelo Cepea avaliaram que os preços ao produtor podem registrar altas a partir de janeiro, numa movimentação considerada “precoce” pelo setor, mas que se justifica pela diminuição da produção. Com a menor oferta no campo e a queda nas importações de lácteos, os estoques de derivados se enxugaram, e os preços do UHT e da muçarela vêm mostrando sinais de reação consistente ao longo do mês.

Atenção

A próxima divulgação do preço do leite cru ao produtor calculado pelo Cepea, a ser realizada no encerramento de fevereiro, já vai considerar o ajuste na nomenclatura (veja mais aqui). Assim, a “Média Brasil” do preço do leite cru a ser divulgado pelo Cepea na última semana de fevereiro/23 será nomeada como “janeiro/23”, tendo em vista que este é o mês em que o leite foi captado pelo laticínio.

De acordo com o Cepea, adotar o mês de captação como referência para o preço do leite vai contribuir para o processo de tomada de decisão dos agentes do setor, além de sincronizar as nomenclaturas de preços e custos. O ajuste também ajudará pecuaristas e laticínios a avaliarem a rentabilidade da atividade e facilitará a compreensão do panorama do mercado, diminuindo a assimetria de informação.

Gráfico 1 – Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de dezembro/2022). Fonte: Cepea-Esalq/USP.

Fonte: Ascom Cepea

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