Estudo sugere que mulheres depressivas podem sofrer maior risco de terem infarto e AVC em comparação com homens com depressão
Um novo estudo, publicado na terça-feira (12), sugere que mulheres que possuem depressão apresentam um risco maior de sofrer com doenças cardiovasculares em comparação com homens que também enfrentam o transtorno depressivo. As descobertas foram publicadas no Journal of the American College of Cardiology.
Trabalhos anteriores já haviam mostrado uma relação entre depressão e um risco aumentado de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio, AVC (acidente vascular cerebral) e mortalidade por doenças cardíacas.
O novo estudo, então, buscou entender a ligação entre a saúde mental e a cardiovascular, lançando luz sobre potenciais mecanismos que poderiam contribuir para as diferenças baseadas no sexo biológico e a importância de adaptar estratégicas de prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares de acordo com fatores específicos de gênero.
Para isso, os pesquisadores analisaram dados de um banco chamado JMDC Claims Database, que contém informações sobre internação, exames e outros dados médicos de mais de 17 milhões de pessoas do Japão. Para o estudo atual, foram utilizados dados de 2005 a 2022 de mais de 4 milhões de participantes que atendiam aos critérios do estudo, em que cerca de 2,3 milhões eram homens.
Usando protocolos padronizados, o estudo coletou dados como IMC (índice de massa corporal), pressão arterial e os valores laboratoriais em jejum dos participantes. Também foram avaliadas informações sobre casos de infarto, dor no peito, AVC, insuficiência cardíaca e fibrilação atrial.
Os pesquisadores, então, analisaram as diferenças nas características clínicas entre participantes com e sem depressão. Os resultados sugerem que a taxa de risco para doenças cardiovasculares em pessoas com depressão foi de 1,39 em homens e 1,64 em mulheres, em comparação com participantes sem depressão.
O estudo também indica que as taxas de risco para infarto, angina, AVC, insuficiência cardíaca e fibrilação atrial foi mais alta nas mulheres com depressão do que nos homens.
Para os pesquisadores, uma possível explicação para os resultados do estudo é que as mulheres podem apresentar sintomas de depressão mais graves e persistentes em comparação com os homens. Além disso, elas podem ser mais propensas a ter depressão durante períodos críticos de alterações hormonais, como gravidez e menopausa.
Além disso, os cientistas também acreditam que as mulheres deprimidas podem ficar mais suscetíveis a fatores de risco tradicionais de doenças cardiovasculares, como hipertensão, diabetes e obesidade. No entanto, os pesquisadores acreditam que é importante uma discussão e mais estudos para entender o motivo pelo qual a depressão afeta mais a saúde cardíaca das mulheres do que a dos homens.
“Nosso estudo descobriu que o impacto das diferenças sexuais na associação entre depressão e resultados cardiovasculares foi consistente”, disse Hidehiro Kaneko, professor assistente da Universidade de Tóquio, no Japão, e autor correspondente do estudo, em comunicado.
“Os profissionais de saúde devem reconhecer o importante papel da depressão no desenvolvimento das doenças cardiovasculares e enfatizar a importância de uma abordagem abrangente e centrada no paciente para a sua prevenção e gestão. Avaliar o risco cardiovascular em pacientes deprimidos e tratar e prevenir a depressão pode levar a uma diminuição dos casos de doenças cardíacas”, completa.
Apesar das descobertas, o estudo possui algumas limitações, como a incapacidade de estabelecer casualidade direta entre depressão e eventos cardiovasculares e a dificuldade de refletir com precisão a gravidade ou duração dos sintomas depressivos.
Além disso, alguns fatores externos podem influenciar na relação entre depressão e doenças cardiovasculares, como nível socioeconômico e a pandemia de Covid-19, que aconteceu durante o período analisado pelos pesquisadores.
Fonte: CNN Brasil / Getty Images