Mulheres em Salvador apostam no ‘trancismo’ para superar vulnerabilidade e pedem regulação profissional

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Na busca por maior segurança e estabilidade em suas atividades, elas têm pedido aos vereadores a regulamentação da profissão

Mulheres em Salvador que vivem em situação de vulnerabilidade social têm encontrado na arte das tranças uma forma de superar a pobreza e garantir o sustento familiar. Na busca por maior segurança e estabilidade em suas atividades, elas têm pedido aos vereadores a regulamentação da profissão.

A prática de trançar cabelos é uma atividade historicamente realizada por mulheres negras com conhecimento ancestral, transmitido de geração em geração. Uma expressão cultural e artística transmitida há séculos na cultura afro-brasileira.

Trancista há oito anos, Denise Melo ministra cursos sobre esta arte. Durante suas aulas, ela conheceu uma aluna sofrendo violência doméstica. Segundo ela, as tranças libertaram sua “discípula” do ciclo de violência. “Ela me procurou porque queria abrir o próprio negócio. Atendendo clientes, ela conseguiria se separar do homem que a violentava para cuidar de seus filhos e viver tranquila”, relatou ao Metro1

“Essa história se repete até hoje. São várias mulheres que recebo no salão e vivem nessas situações de abandono, desprezo, às vezes até um ambiente violento e buscam nas tranças a saída. Me sinto muito feliz de poder contribuir e fazer parte da história dessas mulheres”, acrescentou. 

Gi Barbosa, trancista há 18 anos, também encontrou neste ofício a forma de sustentar a família. Ela é mãe de um menino com 15 anos, diagnosticado com autismo grau leve quando tinha apenas um ano. “As tranças me ajudaram nessa caminhada, me dividindo entre as terapias e o trabalho. É o que me mantém. Creio que daqui a alguns anos vou passar o benefício para o nome dele [filho] e poder ter documentado que tenho a profissão de trancista”, relatou.

Busca por regulação 

A vereador de Salvador, Ireuda Silva (Republicanos), disse em entrevista ao Metro1 que tem buscado regulamentar a profissão. “Profissionalizar é libertar, estamos reconhecendo uma profissão, estamos trazendo libertação, porque é uma opressão trabalhar sem reconhecimento”, declarou.

No próximo sábado (25), será realizado um desfile de trancistas, profissionais e empresárias do ramo com o objetivo de apoiar a proposta, além de homenagear a tradição que representa parte da identidade brasileira. O desfile “Beleza Nagô – Tranças que Contam História” é conduzido por Ireuda Silva e acontecerá no Centro de Cultura da Câmara de Salvador, a partir das 13h30.

Fonte: Metro 1

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