Em janeiro, a associação definiu que o órgão oficial de cada esporte seria responsável por fixar as regras para inclusão de atletas transgêneros nas competições
POR FOLHAPRESS – Segunda, 7 de fevereiro de 2022
ÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma carta de atletas da equipe feminina de natação da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, foi enviada à instituição e à Ivy League (conjunto das principais universidades do país) pedindo que ambas as entidades não entrem com ações legais contra as novas regras para atletas transgênero, atualizadas recentemente pela NCAA (associação nacional do esporte universitário).
Em janeiro, a associação definiu que o órgão oficial de cada esporte seria responsável por fixar as regras para inclusão de atletas transgêneros nas competições. Na última quinta-feira (3), a USA Swimming, que organiza a modalidade no país, estabeleceu seus novos critérios, o que pode impedir a atleta transgênero Lia Thomas de competir, caso a NCAA de fato adote essas normas.
O texto da carta foi enviado por Nancy Hogshead-Makar, três vezes medalhista de ouro em Olimpíadas e fundadora da Champion Women, entidade que advoga pela igualdade de gênero nos esportes, “em nome de 16 atletas”, embora elas não tenham sido identificadas.
Na mensagem, elas dizem que foram avisadas de que “seriam removidas do time ou nunca receberiam uma proposta de emprego” caso se posicionassem, por isso não assinaram a carta e buscaram a mediação de Nancy. Por outro lado, afirmam que apoiam “totalmente Lia Thomas em sua decisão de afirmar sua identidade de gênero e de fazer a transição de homem para mulher”.
Em seguida, explicam o motivo de se oporem à presença da atleta no time. “No entanto, nós também reconhecemos que, quando se trata de competições esportivas, a biologia do sexo é separada de questões de identidade de gênero. Biologicamente, Lia tem uma vantagem injusta na categoria feminina, evidenciada pela sua colocação nos rankings, que pulou da 462ª posição como homem para o 1º lugar como mulher.”
“A maioria de nós começamos a nadar ao mesmo tempo que Lia, na pré-adolescência. Treinamos até 20 horas por semana. Ser preterida ou derrotada por alguém competindo com vantagens de força, altura e capacidade dos pulmões que só aparecem com a puberdade masculinidade tem sido extremamente difícil”, escreveram.
O time de natação feminino da Universidade da Pensilvânia, segundo a carta, tem 40 mulheres, mas somente 18 delas são selecionadas para competir nos torneios da Ivy League.
As novas regras da USA Swimming definem que nadadores transgêneros precisam ser examinados por um painel independente composto por três especialistas médicos, que serão responsáveis por determinar se o desenvolvimento físico da pessoa antes da transição dá vantagens sobre nadadoras cisgênero.
Além disso, a concentração de testosterona no corpo da atleta deve ser menor que 5 nanomols/litro de forma contínua por 36 meses antes do momento de inscrição.
A política atualizada da NCAA relativa ao assunto será implementada em três fases, até 2024. Na primeira delas, que abarca 2022, atletas precisam apresentar documentos que comprovem apenas um ano de tratamento de supressão da testosterona, de acordo com regras da entidade definidas em 2010.
Será só na terceira fase, entre 2023 e 2024, que a NCAA pretende adotar as regras delimitadas pela USA Swimming. Por isso, é provável que Lia Thomas consiga competir nos torneios em que já está inscrita e classificada neste ano.
Fonte: Noticias ao Minuto