Nelson Teich confirma que pediu demissão após Bolsonaro avisar que iria distribuir cloroquina

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Segundo ministro da Saúde do governo Bolsonaro desde o início da pandemia de Covid-19, o médico Nelson Teich confirmou em depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (5) que a insistência do presidente em apostar na distribuição de cloroquina como tratamento contra o novo coronavírus, foi o principal motivo para o seu pedido de demissão – 29 dias após substituir Mandetta.

Teich respondeu às perguntas do relator Renan Calheiros (MDB-AL) e disse ter percebido que não teria autonomia na condução das políticas públicas que planejava implantar para tentar conter a disseminação da doença.

Uma série de eventos antecederam o seu pedido de demissão, lembra Teich. Na semana da sua saída do cargo, o presidente disse em entrevista na saída do Palácio da Alvorada que o ministro precisaria estar “afinado” com o Executivo.

No dia anterior à saída do ministro, Bolsonaro anunciou em uma reunião com empresários e, mais tarde, em uma live nas redes sociais, que iria promover a “expansão” do uso do remédio comprovadamente ineficaz, como principal mecanismo de combate à pandemia.

“No dia seguinte, eu peço a exoneração”, resumiu Teich, que comunicou a sua saída no dia 15 de maio de 2020. 

Ele foi substituído pelo general Eduardo Pazuello, que já foi trocado pelo médico Marcelo Queiroga. Ambos ainda vão depor à CPI da Pandemia no Senado Federal.

O oncologista nega que se sinta “enganado” pelo governo Bolsonaro, mas reconhece que menos de um mês após aceitar o convite, percebeu que não teria “autonomia necessária” para gerir a pasta.

“O pedido específico foi pelo desejo de ampliação do uso da cloroquina. Esse era um problema pontual, mas refletia em uma falta de autonomia e falta de liderança”, justificou Teich, que afirmou, contudo, não ter sofrido nenhum tipo de retaliação.

ESCOLHA

Questionado sobre o seu sucessor, o general Pazuello, que foi secretário executivo do Minisério da Saúde ao longo dos seus 29 dias de mandato, Teich garantiu que a escolha foi do próprio presidente da República.

Exceto Pazuello, diz Teich, todos os outros nomes da pasta tinham o seu aval.

Apesar da condução controversa na Saúde, Pazuello teve uma atuação regular na então secretaria, salienta o ex-ministro, e era responsável pela logística de socorro aos estados e municípios.

Fonte:Bnews

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