A possibilidade de colapso da rede de saúde de Salvador passou – pelo menos por enquanto. Apesar de a taxa de ocupação dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) ainda não estar dentro do desejado pela Prefeitura, a administração municipal acredita que os números vão continuar caindo e que, possivelmente, após a Semana Santa, já será possível retomar parte das atividades consideradas não essenciais. O domingo de Páscoa será dia 4.
O prefeito Bruno Reis comentou o cenário da pandemia na cidade durante a entrega de uma unidade de acolhimento para a população em situação de rua, nesta quarta-feira (24). Ele disse que o pior cenário da segunda onda aconteceu nas duas últimas semanas, e que a situação deve melhorar nos próximos dias, mas pediu a ajuda da população para evitar que os números voltem a subir.
Os números, tanto da rede pública como da rede privada, diminuíram muito. Houve uma redução da pressão sobre o sistema. Espero que não voltemos mais àquela situação que vivemos entre 12 e 16 de março, que foi o pior momento. Hoje, a gente pode afirmar, com convicção, que passamos pelo pior momento. O pior já passou. Não podemos dizer que não haverá outros momentos ruins, porque estamos lidando com novas cepas do vírus, mas, nesse momento, o risco de colapso passou”, afirmou.
Ele atribuiu a queda nos números à abertura de novos leitos e às medidas restritivas adotadas nas últimas semanas, como a suspensão do funcionamento de atividades não essenciais, o fechamento das praias e o toque de recolher. E frisou que a vacinação também tem ajudado. Até o momento, 9% da população foi imunizada.
Reabertura
Bruno Reis disse que vai avaliar os números da pandemia nos próximos dias para decidir se será necessário adotar mais medidas restritivas, como a antecipação de feriados ou a suspensão de parte dos serviços considerados essenciais, caso o cenário piore, mas adiantou que está otimista. Segundo a equipe técnica da Prefeitura, a taxa de ocupação dos leitos deve alcançar 80% no sábado (5).
“80% é o número seguro para permitir a gente fazer algum teste de retomada das atividades comerciais em nossa cidade. Os números estão cedendo. Vamos avaliar entre hoje e sexta-feira, e discutir com prefeitos, Governo do Estado e segmento empresarial e, caso as medidas tenham que ser prorrogadas, seria melhor antecipar os feriados para que os números cedam em uma rapidez maior, e a gente possa sinalizar para uma abertura do comércio após a Semana Santa”, afirmou.
Nesta quarta-feira, a cidade amanheceu com 83% dos leitos de UTI ocupados, mas esse número deve subir no decorrer do dia já que 23 pessoas aguardavam nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) por uma vaga, e outras 15 por acomodações na enfermaria.
No total, 38 pacientes esperam regulação. Há duas semanas eram 139, com 87 aguardando por uma vaga na UTI. Ontem, o número fechou em 86%, com 97 regulações.
Melhora
Salvador tem quase 168 mil casos confirmados do novo coronavírus, outros 145 mil suspeitos e 4.455 mortes provocadas pela doença. Nesta quarta, a Prefeitura informou que houve redução no número de novos casos de covid-19.
“Outro dado positivo é que o Fator RT, a taxa de transmissão do novo coronavírus, está abaixo de 1. Isso é bom porque acima de 1 significa descontrole. Nossa estimativa é que a taxa de ocupação dos leitos fique abaixo de 80% a partir do dia 5 de abril, mas isso pode acontecer antes, por isso, é importante a população não descuidar”, reforçou o prefeito.
As atividades serão retomadas de forma escalonada, com setores funcionando em dias e horários diferentes, para evitar aglomerações. Bruno disse que não descarta ter que fazer interferências no transporte público na próxima semana, caso os números subam, mas não deu detalhes sobre quais tipos de intervenções está pensando em fazer. Ele também agradeceu o apoio da população que respeitou os decretos.
A população recebeu a notícia com alívio e desconfiança ao mesmo tempo. A dona de casa Maria Elizete Paes, 49 anos, tem um filho que trabalha no comércio e uma irmã que testou positivo para covid-19 há alguns meses.
“Meu menino está parado, em casa, agoniado. A gente depende do trabalho para viver, mas, por outro lado, sabemos do risco que é essa doença. Minha irmã ficou mal, e ela não tem problemas de saúde, sempre foi muito saudável. Fico feliz em saber que caiu [a taxa de ocupação dos leitos], mas quando abrir o comércio, vai subir tudo de novo”, disse.
Para o motorista por aplicativo Daniel Barbosa, 32, só existe uma solução eficaz para a situação que o país está vivendo. “A vacina. Essa é a única saída. Quando a gente estiver vacinado, abrir o comércio, as praias, os shoppings, nada disso será mais um problema. Enquanto isso não acontecer, vamos ficar nesse abre e fecha o tempo todo”, opinou.
Fonte: Correio