Nova coleção apresenta “a flor do que Oswald de Andrade escreveu”

Brasil cultura

Além de produção literária e intelectual do autor modernista, edição crítica lançada pela Editora da USP traz manuscritos, imagens e ensaios inéditos sobre o escritor

Domingo, 23 de janeiro de 2022

Crisley Santana

Figura proeminente do Modernismo no Brasil, Oswald de Andrade (1890-1954) revolucionou a maneira de escrever romances ao transgredir padrões tradicionais da literatura. Parte significativa da produção do escritor, que vai além de textos em prosa, foi explorada em edição crítica lançada pela Editora da USP (Edusp). 

A intitulada Obra Incompleta reúne em dois volumes todas as poesias escritas por Andrade; os romances Memórias Sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande, além de manifestos, textos de teses e de crítica que partilham temas relacionados ao Movimento Antropofágico. Os manuscritos relacionados às obras, todas produzidas na década de 1920, também são explorados.

O coordenador da edição, o professor Jorge Schwartz, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, disse que a escolha do título que nomeia a coleção é um indicador do espírito livre que Andrade tinha como escritor. 

“Oswald levou a fama de ser uma pessoa improvisada, que pelo instinto era indisciplinado. De fato uma coisa é verdade: ele não era sistemático, não era um tipo acadêmico e teve a escrita atravessada por questões biográficas”, relatou.

Ainda assim, o autor era perfeccionista com sua produção. “Tem um poema chamado Ateliê que tem seis manuscritos com títulos diferentes; a peça O Santeiro do Mangue tem 16 manuscritos. Isso mostra como ele era cuidadoso, como aprimorava e queria, de uma maneira perfeccionista, que saísse da melhor forma”, afirmou Schwartz.

Foto: Divulgação/IEA USP

Jorge Schwartz, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e coordenador da edição sobre Oswald de Andrade – Foto: Divulgação/IEA USP

A edição também traz ensaios críticos sobre a obra do modernista produzidos por autores brasileiros e estrangeiros, como Albert Camus. Alguns dos textos são inéditos, por exemplo, a introdução do volume, escrita em 1998 por Antonio Candido (1918-2017), crítico literário e sociólogo da USP,  além de análises do poeta Haroldo de Campos (1929-2003) e do historiador da USP Nicolau Sevcenko (1952-2014).

A edição contou com a colaboração de vários pesquisadores. Entre eles, há a destacada contribuição de Gênese Andrade e Maria Augusta Fonseca, responsáveis pelo estabelecimento do texto e por ensaios críticos sobre a poesia e os romances.

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Os dois tomos da edição lançada pela Edusp fazem parte da Coleção Archivos que edita clássicos latino-americanos

A construção da Obra Incompleta

Obra Incompleta, de Oswald de Andrade, faz parte da Coleção Archivos de publicações de clássicos latino-americanos. A ideia de reunir a produção de Andrade foi concebida há mais de 30 anos, em 1985, quando o professor Jorge Schwartz foi indicado para coordenar uma edição crítica do autor, incluindo a produção literária e os manuscritos que demonstram como foi feita a construção dos textos.

Desde então, cerca de 20 colaboradores trabalharam para reunir e analisar o material que compõe a edição. A demora para finalizar o título envolveu questões sobre os direitos autorais dos romances que fazem parte do livro, explicou Schwartz. 

Os materiais reunidos nos volumes vieram de acervos da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e de familiares de Oswald de Andrade. A produção contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

“O que eu posso dizer é que esses dois volumes têm aquilo que Antonio Candido, na introdução, diz que é ‘a flor do que Oswald de Andrade escreveu’”, comentou Jorge Schwartz.

O livro, em dois volumes, pode ser comprado pelo site da Editora da USP acessando o link: https://www.edusp.com.br/loja/produto/9786557850305

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Fonte: Jornal USP

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