A imprensa revelou nesta terça-feira, 29, novas denúncias de corrupção na negociação e compra de vacinas contra a covid-19, aumentando a pressão sobre o governo de Jair Bolsonaro e sua gestão da pandemia.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o diretor do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, pediu propina de 1 dólar por dose de um representante da empresa Davati Medical Supply, que tentava negociar a venda de 400 milhões de vacinas AstraZeneca ao governo.
O representante garantiu que o acordo, proposto em fevereiro, foi rejeitado por sua empresa. Logo após a publicação dessas denúncias, o Ministério da Saúde informou em nota que o diretor de Logística supostamente implicado na tentativa de suborno será destituído de seu cargo nesta quarta-feira, 30.
O laboratório anglo-sueco AstraZeneca, por sua vez, negou, em comunicado citado pelo portal G1, a utilização de intermediários para negociar com governos.
O caso revelado pela Folha se soma a outras denúncias de irregularidades investigadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, instaurada pelo Senado para apurar o fracasso da resposta do governo à pandemia, que já deixou mais de meio milhão de mortos no Brasil.
É uma “Denúncia forte. Vamos convocar o senhor Luiz Paulo Dominguetti Pereira para depor na #CPIdaPandemia na próxima sexta-feira”, tuitou o senador Omar Aziz, presidente da CPI.
Outro funcionário do Ministério da Saúde disse na semana passada que detectou em março possíveis irregularidades no contrato para adquirir a vacina indiana Covaxin, do laboratório Bharat Biotech, a preços altíssimos, e que a preocupação foi repassada diretamente a Bolsonaro pessoalmente.
Acrescentou que Bolsonaro lhe garantiu que comunicaria essas suspeitas à Polícia Federal, algo que aparentemente nunca fez.
Essa aparente omissão levou três senadores a abrirem um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira para que Bolsonaro fosse investigado por um possível crime de “prevaricação”.
O Ministério da Saúde anunciou nesta terça, que, por enquanto, não detectou irregularidades no contrato de vacina da Índia, para o qual até o momento não houve entregas ou pagamentos. O órgão, porém, decidiu suspender o contrato enquanto investiga as suspeitas.
Fonte:A Tarde