Por Redação -21 de novembro de 2018
Por Rodrigo Santana – Portal Ipirá City
Por que a maneira de uma parcela bastante significativa da população brasileira olhar para o Brasil e compreendê-lo ainda está mais para Pero Vaz de Caminha em sua carta do que para o discurso do Cacique Guaicaípuro Cuatemoc em “A Verdadeira Dívida Externa”?
Será que é por que “Doutor fulano (Rui Barbosa) mandou queimar toda nossa história”, como cita Edson Gomes na música: “Na escola”?
Será que é por que muitos professores de História do Brasil nunca ouviram falar de Luis Gama como abolicionista e por isso apenas citam Castro Alves quando se trata dessa temática. Sendo este um branco que nunca deu carta de alforria a nenhum dos seus escravos?
Será que é por que só agora que as letras dos Racionais Mc´s viraram leitura obrigatória para o vestibular da Unicamp?
Será que é por que o Sistema de Cotas no Brasil só veio a ser implantado em 2000?
Será que é por que a lei 10.639 não se cumpriu como deveria nas escolas públicas do Brasil até hoje?
Em defesa do holocausto e de seu esquecimento futuro, Adolf Hitler afirmou: “Quem lembra do extermínio dos armênios?”. Ou seja, Hitler acreditava que o Holocausto Nazista também seria esquecido com o passar do tempo e por conta dessa declaração muitos filmes, documentários e livros foram publicados para que as novas gerações soubessem o que aconteceu naquele contexto histórico. É a partir dessa linha de raciocínio que o filósofo Theodor W. Adorno traz um questionamento no ensaio: “Educação Após Auschwitz” quando destaca: “A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação. De tal modo ela precede quaisquer outras que creio não ser possível nem necessário justificá-la. Não consigo entender como até hoje mereceu tão pouca atenção”. Sendo que este possível silêncio dos educadores sobre um fato tão sério resulta como consequência social o pensamento de Edmund Burke: “um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”.
Segundo o teórico Stuat Hall a sociedade é feita de “memórias e esquecimentos”. Sendo que o que nos é dito durante a nossa formação irá interferir na nossa identidade, pois é como disse o político cabo-verdiano Pedro Pires: “Enquanto o leão não tiver os seus historiadores, a glória vai sempre para o caçador”. A história dos povos ameríndios e afro-brasileiros é um tabu na cabeça de muitos brasileiros em pleno século XXI, principalmente no que tange os sistemas de crenças destes povos que sofrem ainda da visão etnocêntrica do colonizador. Eu costumo afirmar que as pessoas sabem muito mais informações sobre os extraterrestres do que estes povos citados.
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