O caso Lázaro: um espetáculo desnecessário

colunistas Rodrigo Santana

Na série: “MindHunter” o agente do FBI Holden Ford diz: “nossa meta é que todos saiam vivos. Esse é o objetivo do negociador”.

Essa reflexão que há de ser feita nestas linhas está muito longe de ser um eufemismo com o pretensão de amenizar o caso Lázaro. Além disso, na condição de humanos é totalmente compreensível toda a comoção que tivemos com as famílias que perderam seus entes queridos pela ação daquele criminoso e com a sensação de insegurança que viveram todas aquelas famílias que habitam aquela região onde Lázaro estava sendo procurado.

Entretanto o modo como a mídia noticiou o caso Lázaro foi de uma maneira irresponsável. Por que um dos aspectos que fazem com que a sociedade não entre em um estado de barbárie é quando nós transferimos a nossa subjetividade para o outro segundo Sigmund Freud.

É importante ressaltar que nos discursos utilizados nos processos de colonização, nos discursos utilizados nas guerras mundiais, nos discursos utilizados nas ditaduras, no modo como o militarismo forma os policiais para atuarem na sociedade e na maneira como a mídia vem transmitindo algumas informações estão comprometendo a transferência de subjetividade. Sendo que isso faz com que o ser humano acredite que ele é quem deve decidir quem merece ou não viver. sendo que este é um conceito desumanizante por que nós, enquanto sociedade, não temos o direito de querer ocupar a posição de Deus. Portanto, devemos analisar com muita cautela esses discursos para não perdemos o bom senso e sermos um replicante de um conceito que pode ser tendencioso já que a justiça no Brasil não é cega. E por não ser cega ela termina por agir de maneira seletiva. E ao agir de modo seletivo ela deixa de ser justa.

O caso Lázaro é um espetáculo Desnecessário por que jogar o corpo dele no carro com se fosse um saco de entulhos é uma forma de coisificá-lo. Além disso a atenção que a mídia deu para o comportamento de comemoração de uma morte pelas pessoas é um reforço a ideia de que há humanos que não merecem existir, se trata de uma incitação com o objetivo de induzir a população a perder a empatia pelo seu semelhante. E por mais que seja justo o nosso sentimento com as vítimas, Lázaro é um ser humano, Lázaro é uma centelha divina como cada um de nós somos. Lázaro é um irmão nosso que, infelizmente, fez más escolhas nessa encarnação, mas terá chances de reparar cada uma delas. Se um cristão não conseguir compreender a infinita misericórdia e o amor incondicional de Deus para com todos os seus filhos e filhas, este cristão está longe de evoluir espiritualmente. Nós não podemos cair nesse jogo de desumanização do outro por que o Atman (Alma) é Parabranman (Deus) como bem definiu Maratma Gandhi. É preciso que nos esforcemos para desenvolver esse olhar pelo nosso semelhante por mais que a gente reprove a sua atitude e por mais que eu reconheça o quão difícil é lidar com a maldade alheia em situações como esta, não podemos aplaudir o derramamento de sangue de ninguém! Temos que nos esforçar para não vibrar ódio pelo o nosso semelhante.
Não devemos praguejar que há ovelhas esquecidas pelo Pai Amantíssimo que vagarão por toda eternidade num sofrimento sem alívio por que mesmo que nos compreemetamos da pior maneira possível com a Lei de Causa e Efeito, há um Deus Eternamente Amoroso olhando por cada um de nós, pois é como disse Jesus sobre o Pai Amantíssimo: “Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.”

Rodrigo Santana Costa é professor e escritor ipiraense

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