O cantor e compositor, irmão de Luiz Eurico Tejera Lisboa, assassinado pela ditadura, conversou com o Brasil de Fato RS
“Mais duro é perceber / Se eu fosse te falar / Do Brasil de agora / Que seria tão igual Miséria / Doença / Polícia brutal / Luxúria / Mentira / Autoridade sem moral / Viu? Hum, hum 68 foi barra / Como é 2001.”
O trecho acima é da música E a revolução?, composta pelo músico Nei Lisboa para o seu irmão Luiz Eurico Tejera Lisboa, o Ico Lisboa, morto pela ditadura em 1972. Nei é o irmão mais jovem – entre sete, de Ico, o primeiro desaparecido político brasileiro cujo corpo foi localizado, no final dos anos 1970, depois de uma busca incansável de sua companheira, Suzana Lisboa.
“Eu passei a vida inteira ouvindo assim, ou sendo tratado como familiar do Luiz Eurico, com uma certa pena e dor, ‘ah o familiar do desaparecido’, ‘problema teu’, e sempre dizendo que esse é um problema da sociedade inteira, não é uma dor só dos familiares”, afirma músico em entrevista realizada ao Brasil de Fato RS no final de dezembro de 2022.
Nei está preparando o seu especial de verão, nos dias 7 e 8 de fevereiro, o Nei LisPoa, que ele descreve da seguinte forma: “De Revirada é muito mais gostoso! Agora que o reveillon passou e os comunistas não paparam seu totó, é hora de celebrar o ano que vai começar, como se sabe, lá depois do carnaval. Então vem pra cantoria e bagunça do Nei LisPoa 2023, com direito a banda no palco, memes no telão e ceia musical para alimentar o espírito”. O show acontece no Teatro Renascença, e os ingressos podem ser adquiridos aqui.
Prestes a completar 64 anos, em 18 de janeiro, Nei fala da sua trajetória e do que espera para o próximo governo.
Abaixo a entrevista completa
Brasil de Fato RS – Já são mais de 40 anos de trajetória, como tu resumirias tua história na música?
Nei Lisboa – É difícil resumir. São, profissionalmente, mais de 40 anos, ou 40 anos desde o primeiro disco, que vai completar agora em 2023. Sou egresso do movimento cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Foi ali que tudo começou. Fora da sala de aula tinha uma movimentação muito grande de rodas de som, de gente tocando, compondo junto, isso foi em 1977, 1978. Alguns se tornaram bem conhecidos, como o Hique Gomez, o Nico Nicolaiewsky, o Boina que é pouco conhecido hoje, mas era um grande compositor, parceiro, o Augusto Licks… Foi dentro desse movimento que começamos a tocar junto e outros tantos, como Antonio Villeroy.
Ali se criou um público, fermento de uma coisa. E eu fui fazer o primeiro show em um teatro, em 1979, junto com Gelson Oliveira, no Clube de Cultura, já com um bom público. Na sequência compus muitas parcerias com Augustinho Licks, participando de festivais, surfando na onda da Bandeirantes FM, na época, que depois se tornou Ipanema, de tocar músicas de gente local, com a fitinha cassete, a gente gravava e levava, eles rodavam.
A coisa se ampliou. O primeiro disco, Pra viajar no cosmos não precisa gasolina, veio em 1983. Foi um disco independente financiado no que hoje se diria um crowdfunding, mas que na época era chamado de bônus antecipado de disco. Depois gravamos um disco (Noves fora) por um selo de Caxias do Sul, a ACIT, uma gravadora daqui já gravando em São Paulo. O primeiro disco a gente gravou em SP, todo mundo dormindo na mesma casa, sendo patrocinados pelo Fernando Ribeiro, que é um grande compositor daqui que tinha ido pra SP.
Com o segundo disco a carreira ganhou mais um impulso e eu terminei numa gravadora grande do Rio, a EMI-Odeon, onde eu gravei dois álbuns: Carecas da Jamaica, de 1987, pelo qual recebi o Prêmio Sharp de revelação pop/rock, e Hein?!, lançado em 1988.
Depois retorno para cá, fazendo trabalhos diferenciados, também voltados para o Uruguai, as coisas do Uruguai, outro para um repertório de clássicos dos anos 1970, da música folk principalmente, que eu escutava na época.
Depois entrei anos 2000 fazendo o Cena beatnik, e o Relógio do Sol, voltando a compor mais intensamente. De lá pra cá eu estou assim numa marcha mais lenta de composição, mas que tem o Translucidação, de 2006, depois A Vida Inteira, de 2013. Em 2015, o Telas, tramas & trapaças do novo mundo e, em 2021, o Pandora.
“É triste um país incapaz de rever sua história” / Foto: Fabiana Reinholz
BdFRS – Essa época, final dos anos 1970, 1980, foi bastante efervescente culturalmente, não só na música. Tu identificas alguma outra época em que a gente tenha vivido uma efervescência tão grande no Rio Grande do Sul?
Nei – Para meu perfil, de músico, um cara que faz MPB, de composição, cantautor, foi um momento dos mais férteis, sem dúvida. Talvez o pessoal do rock vai te dar uma outra impressão, que dominou as cenas nos anos 1980 e 1990. Acho que cada geração vê o momento que vive como um dos mais férteis, porque eles estão férteis, muito férteis, na juventude. É difícil comparar, eu tenho um certo receio de puxar brasa para uma sardinha que já saiu da lata faz tempo. Foi um momento de muita gente, uma geração que está aí até hoje. O Bebeto, que se foi há pouco, maravilhoso, o Nelson Coelho de Castro e outros muitos da época.
BdFRS – Nós tínhamos uma situação política também que trazia essa necessidade de botar para fora e criar muito…
Nei – É uma geração com essa marca, com essa cara. A década de 1970 tem essa digital, da ditadura, do estilo de composição de dizer as coisas, de poemas, inclusive de metáforas, de divisão de mundo como um todo. Tu pega o pessoal do rock dos anos 1980, já é uma outra coisa, a criança que já entrou na pré-adolescência com anistia, no mínimo, e reivindicando outro tipo de coisa, com outro tipo de referência, influência.
BdFRS – E na ditadura tu vinhas justamente com uma situação familiar, do teu irmão. Tu achas que isso te influenciou muito?
Nei – Muito. Eu tenho os dois pés nisso, por essa origem, por essa imersão familiar. Além do meu irmão, que foi morto, tenho uma irmã que ficou presa seis meses na Operação Bandeirante (Oban) e dois primos que ficaram dois anos presos aqui também na Ilha, para depois serem inocentados. Um deles militar, na guerrilha armada, o outro nem isso, e ficaram dois anos na cadeia, torturados e tal.
Eu era bem mais jovem que eles, um guri, mas isso te marca pra vida toda. Ao mesmo tempo, é nessa hora que eu começo profissionalmente a me apresentar como artista, nos anos 1980 desabrochando, que a geração do rock está vindo. Então eu me senti um pouco híbrido, um pé aqui e outro ali, e aberto para muitos estilos do que eu faço, em visões diferenciadas do mundo. Acho que isso também aparece, se tu olhar o meu trabalho, não é propriamente música de protesto, não tem essa carga permanente girando em torno do tema. Muitas vezes talvez tenha sido até uma coisa de estar reagindo àquilo que é tua bagagem familiar.
Luiz Eurico Tejera Lisboa / Memórias da Ditadura
BdFRS – Falando no teu irmão Ico, em 2022 fez 50 anos da morte dele. Eu queria que tu falasses das lembranças que tu tens.
Nei – Eu tinha 10 anos quando ele foi para a clandestinidade. A partir dali eu praticamente não o vi mais. Encontrei com o Ico escondido duas, três vezes até a morte dele, em 1972, quando eu tinha 13. Nem sabia que ele tinha sido morto, porque ele ficou sete anos desaparecido. Até meus 20 anos, a família estava buscando, meio naquela esperança já sabidamente vã. A Suzana, esposa dele, encontrou o corpo enterrado com o nome de guerra que ele usava na época poucas semanas antes da votação da anistia, em 1979. Foi uma coisa bem forte, porque foi o primeiro desaparecido a ser localizado, até hoje um dos poucos também. E exatamente no ano em que eu estava começando a fazer meus primeiros shows no teatro.
Esse período, até meus 10 anos, é um período meio forte para um guri que tem no irmão bem mais velho um herói. Da família toda, o Ico era o grande irmão de todos ali, das irmãs, um cara que inspirava todo mundo politicamente, poeticamente. Ele era um poeta de mão cheia. Para comemorar os 50 anos relançamos o livro dele de poesias e depoimentos dos familiares contemporâneos, e de cartas dele para a Suzana.
Eles ficam impunes e se sentem à vontade para retornar a qualquer momento, para repetir, para reescrever, para reafirmar todas as mentiras do passado
BdFRS – Todo o trabalho de militância da Suzana foi muito importante para ser instalada a Comissão da Verdade, todo o trabalho que foi feito na comissão, mas que de alguma forma ficou inconcluso.
Nei – A Suzana é uma guerreira incansável. E, ao mesmo tempo, como todos os familiares que se envolveram, foi um desencanto inevitável de ver que o país, solitariamente nesse Conesul… Outros tantos, Uruguai, Argentina, Chile, conseguiram responsabilizar um pouco aqueles que produziram essas ditaduras, conseguiram tratar o seu passado com alguma dignidade. No Brasil, não. Foi uma luta vã, a sociedade não quer falar disso, não quer ver isso por inteiro, não quer passar isso a limpo, e aí abre espaço justamente para que aconteça de novo.
BdFRS – Em 2020, fizemos uma entrevista com a Suzana em que ela afirma algo neste sentido, de que “os crimes da ditadura inspiram e alimentam os que hoje são cometidos”.
Nei – Continuam acontecendo, claro, porque a impunidade fica solta. Eles ficam impunes e se sentem à vontade para retornar a qualquer momento, para repetir, para reescrever, para reafirmar todas as mentiras do passado sobre a ditadura, de que não existiu ditadura. É triste um país incapaz de rever sua história.
Eu passei a vida inteira ouvindo assim, ou sendo tratado como familiar do Luiz Eurico, com uma certa pena e dor, ‘ah o familiar do desaparecido’, ‘problema teu’, e sempre dizendo que esse é um problema da sociedade inteira, não é uma dor só dos familiares. Sempre aquela coisa: vamos devolver os corpos para os familiares, mas esquecer o assunto. Esquecendo o assunto tu não consegue nem devolver os corpos para os familiares, porque teria que ter uma investigação.
BdFRS – No filme Argentina 1985 se percebe muito nitidamente a diferença da consciência política na Argentina e no Brasil.
Nei – É disso que se trata. Sem uma consciência política… Aqui se faz o possível para que não haja isso, aquelas questões de educação e tudo mais é para que as pessoas não adquiram isso.
“Tem que estar muito atento, eles não têm condições pro golpe, se criam as condições, depois se dá o golpe, já se viu isso muito no Brasil” / Foto: Clara Aguiar
BdFRS – Tu foste um sobrevivente da covid-19.
Nei – Sim, achei que eu estava me protegendo ao máximo, e pimba, peguei. Não sei nem como, e fiquei 12 dias no Pronto Socorro, aquele mês, março de 2021, bandeira preta, as UTIs lotadíssimas, colapso…
BdFRS – Já tinhas tomado vacina?
Nei – Não, as vacinas estavam chegando, mas em março ainda não tinha para minha idade…
BdFRS – Tu ficaste entubado?
Nei – Não, mas cheguei na beirinha. E depois tive a sorte de uma recuperação também a jato, e sem sequela nenhuma. Foi como ganhar na mega-sena. Uma vivência muito enriquecedora de alguma forma. Naquele momento crítico, lá dentro do olho do furacão, na enfermaria do Hospital Pronto Socorro (HPS) durante os primeiros três dias lotada, 24 horas zunindo as máquinas, que começam a apitar quando vem a insuficiência respiratória e tudo mais. Correria do pessoal, médicos, e vendo como eles estavam, enlouquecidos.
O HPS ainda estava com uma experiência de parceria em que uma parte do hospital foi privatizada no terceiro andar para atender a essa superlotação, mas com a lógica do capital privado, de uma contratação rápida com salários bem baixos de um pessoal pouco experiente na área. O pessoal do HPS estava enlouquecido duplamente com o atendimento nas UTIs e enfermarias superlotadas, e ensinando ou corrigindo o que o pessoal do terceiro andar estava fazendo. Estava uma loucura. No final eu tive uma sorte tremenda, recebi um atendimento super carinhoso.
BdFRS – E como foi a tua produção durante a pandemia?
Nei – Muito mais do que tocar ou compor qualquer coisa – foi muito pouquinho que eu compus –, eu me dediquei a fazer umas lives chamadas Em casa e (ao) vivo. A gente fez uma série, umas 40 ao longo de dois anos, eu e a minha esposa, e nossos bichinhos – a Bebeti que é uma cadelinha e o Osvaldo um gato – viraram personagens. E eu adorei aquilo, comecei a me dedicar mesmo na transmissão, com edição de vídeo, com tudo que requeria ali.
Eu sempre gostei de computador, de mexer com as coisas, sou um rato de programas. A gente terminou fazendo uma brincadeira, era às vezes um desastre absoluto, e terminou bem bacana. A gente botava o pessoal no ar no final da transmissão também, para ver as carinhas dos que estavam assistindo, o chat maravilhoso. As pessoas se encontravam ali, gente com afinidade política e relação com o que estava acontecendo na pandemia, e muitas vezes isolados dentro de casa, nos momentos em que a pandemia estava mais acirrada. Era um encontro necessário para as pessoas conversarem, desafogarem, falarem mal do Bolsonaro…
Eu espero que a gente entre 2023 sem nenhuma ruptura nesse país, para a gente poder relaxar e enxergar um futuro, ter uma perspectiva de progresso, de tolerância social, de justiça social
BdFRS – E com as eleições veio um certo alívio…
Nei – Sim, com uma eleição disputadíssima. Então foi um desafogo para todo mundo que quer um resultado para encerrar esse retrocesso, pelo menos formalmente, no governo federal, no Executivo, o bolsonarismo cair fora, porque ia ser muito complicado suportar mais quatro anos, não sei o que ia restar desse país.
BdFRS – Qual análise tu fazes desses 22 anos do século XXI?
Nei – A gente viveu de um extremo ao outro. A virada do milênio foi, para nós aqui no Brasil, na América Latina e nos povos do terceiro mundo de modo geral, um negócio muito auspicioso, que se contrapunha aos anos 1990, que foi o território do neoliberalismo.
Havia uma esperança muito forte no ar, em que a gente se juntou, aspirava e acreditava que estava entrando num século de progresso social. E aí o que se viu agora nos últimos anos é muito desolador, porque é o contrário. Em algumas questões e instâncias a gente viu regredir 50 anos. Passamos por um momento muito duro. E agora a gente volta a ter esperança de que tenha se encerrado esse ciclo. Mas ele está sempre latente, a gente vê os movimentos de extrema direita, o neonazismo retornando. Ele não foi embora, não vai embora.
BdFRS – Bolsonaro foi derrotado nas urnas, mas o bolsonarismo ainda vai estar latente.
Nei – A gente fica sob tensão permanente, porque o pessoal está na rua insuflado, induzido, sustentado por poderes econômico e militar, instruídos, organizados, um descontrole, não tem coisa nenhuma ali. Tem que estar muito atento. Eles não têm condições para o golpe, mas se criam as condições, depois se dá o golpe, já se viu isso muito no Brasil.
BdFRS – O que tu esperas para o governo Lula? O que tu esperas de 2023?
Nei – Temos uma referência forte que são os anos do governo Lula. Então eu espero que muita coisa boa que teve ali volte, se retome o caminho que tinha. O Lula é a esquerda vencedora possível no Brasil, não vai construir uma república socialista nem teremos mamadeira de piroca, não vai comer o seu cachorro.
E nesse momento que a gente está com uma eleição tão apertada com um adversário neonazista, provavelmente essa ponderação, essa moderação do Lula vai estar sendo muito necessária, e vai aparecer muito. Eu estou na expectativa como todo mundo sobre o que se vai fazer, por exemplo, em relação aos 20 mil militares que estão lá em cargo de confiança.
O que vai ser possível fazer com o Congresso como a gente tem, o Congresso não tem uma renovação progressista.
Eu espero que seja uma retomada mesmo do tempo em que esteve no poder, que foi o melhor Brasil que eu vi nos meus já 64 anos. E que aí se possa andar para a frente, quem sabe reconstruir os laços com a América Latina, que caminhem juntos…
Eu espero que a gente entre 2023 sem nenhuma ruptura nesse país, para a gente poder relaxar e enxergar um futuro, ter uma perspectiva de progresso, de tolerância social, de justiça social. E dentro disso a cultura tenha um espaço importante, e que aí eu possa me dedicar a compor. Eu estou querendo voltar a tirar um tempo pra fazer um trabalho novo, e fazer músicas que não sejam como as do último trabalho, sobre o tenebroso tempo que vivemos, e sim sobre um tempo esperançoso.
“Quero fazer músicas que não sejam como as do último trabalho, sob o tenebroso tempo que vivemos, e sim sobre um tempo esperançoso” / Foto: Fabiana Reinholz
BdFRS – A a gente sabe que não é só o governo que faz a transformação, precisamos da sociedade mobilizada, dos movimentos. E a cultura durante a pandemia se mobilizou muito pra aprovar as leis, como a Paulo Gustavo, a Aldir Blanc. Como tu enxergas a importância de esse movimento continuar durante os próximos anos nessa busca de reconstrução?
Nei – É muito importante. Eu tenho como ideário que o Estado deve priorizar, evidentemente, quem é mais necessitado, e disponibilizar meios para que todos tenham estruturas para que a cultura como um todo possa florescer.
Durante a pandemia, a lei Aldir Blanc foi muito importante para mim, inclusive. Agora eu não sou mais uma prioridade, mas temos pontos de cultura e tudo mais para ter um auxílio, um aporte direto.
Também, por exemplo, em nível municipal, seria muito importante ter uma estrutura de espaço, de equipamentos, de teatro que funcione, que cresça, que tenha manutenção. O último teatro da prefeitura, se não me engano, que foi criado foi o Renascença, quando eu comecei a tocar, em 1979, e estão todos sucateados. O estado também não tem quase nada.
BdFRS – São poucos os espaços hoje realmente para música.
Nei – Aqui no RS é tenebroso, não só em Porto Alegre. Eu estou tentando levar um show pra Pelotas há horas e não consigo. Eu levo para Florianópolis com a maior facilidade. Pelotas está impossível, porque o 7 de Abril, que é o teatro possível, está fechado ainda, e os outros teatros tu paga sem ter nada de equipamento de som, luzes, zero… E tu vai para Florianópolis tem um teatro com som, com luz, com técnicos te ajudando, a 10% da bilheteria.
BdFRS – Planos para o ano que vem? Projetos?
Nei – A primeira coisa… arrumar a casa (Nei na ocasião estava em meio a mudança de endereço). Eu tenho um show que todo verão eu faço, com o nome de Nei LisPoa, que é, mais do que nunca, uma revista falando de política. Eu já aviso antes, não apareçam os bolsonaristas, é pra companheirada se sentir em casa. É cada vez em um lugar, Theatro São Pedro, Renascença, Assembleia Legislativa.
BdFRS – Para finalizar, eu só queria que tu, puxando um pouquinho o assado para a nossa comunicação, a comunicação popular, falasses um pouquinho da importância dessa comunicação produzida pelo Brasil de Fato e outros veículos.
Nei – É essencial. Essa é também uma questão crônica no Brasil, da mídia estar sempre a favor do desastre, sempre compactuando desde o tempo da ditadura. Por mais que alguns veículos depois falem em liberdade de imprensa, a grande mídia queira se arvorar uma resistência à ditadura, na verdade estavam servindo muito bem para que aquilo acontecesse. Assim como no inverso também, apoiando a Lava Jato, no fundo sempre servindo ao interesse do capital, do poder econômico e seus afiliados há séculos que compõem essa elite brasileira e sempre querendo nos ferrar. A mídia que resiste, a mídia que se contrapõe a isso que é essencial, a gente tem que apoiar, tem que estar junto nessa briga sempre.
Fonte: Brasil de Fato