Por. Paulo Gala – Sábado, 2 de novembro de 2024
O modelo de Balassa-Samuelson é uma teoria econômica que busca explicar a determinação das taxas de câmbio no longo prazo com base na relação entre produtividade e preços relativos entre os países. Essa teoria assume que existem diferenças na produtividade entre os setores de bens comercializáveis (que podem ser exportados e importados) e não comercializáveis (que são consumidos internamente). De acordo com o modelo, países com maior produtividade no setor de bens comercializáveis tendem a ter salários mais altos nesse setor em comparação com os países de menor produtividade. Isso ocorre devido à competição global e à busca por eficiência nos setores exportadores. Essa diferença de produtividade e salários entre os setores comercializáveis e não comercializáveis leva a um aumento dos custos de produção dos bens não comercializáveis em países com maior produtividade. Por sua vez, isso resulta em um aumento dos preços internos desses bens.
A teoria de Balassa-Samuelson postula que, no longo prazo, essas diferenças de preços relativos entre bens comercializáveis e não comercializáveis se refletem nas taxas de câmbio. O aumento dos preços internos dos bens não comercializáveis em países mais produtivos leva a uma apreciação da taxa de câmbio real desses países em relação aos países menos produtivos. Em outras palavras, o modelo sugere que países com maior produtividade nos setores exportadores tendem a ter uma moeda mais valorizada em relação aos países com menor produtividade. Essa valorização da moeda é resultado do aumento dos preços internos dos bens não comercializáveis, impulsionado pela diferença de produtividade entre os setores.
No entanto, é importante destacar que o modelo de Balassa-Samuelson é uma simplificação da realidade e tem limitações. Ele não leva em consideração fatores como custos de transporte, barreiras comerciais, diferenças institucionais e políticas monetárias, que também influenciam as taxas de câmbio. Além disso, o modelo se baseia em pressupostos como a igualdade de preços de bens comercializáveis entre os países e a ausência de distorções no mercado de trabalho. Apesar de suas limitações, o modelo de Balassa-Samuelson é uma contribuição importante para a compreensão dos determinantes das taxas de câmbio no longo prazo, destacando a relação entre produtividade e preços relativos.
O modelo Balassa-Samuelson explica por que os países com maior produtividade tendem a ter níveis de preços mais altos, um fenômeno observado entre economias desenvolvidas e em desenvolvimento. Proposto pelos economistas Béla Balassa e Paul Samuelson, o modelo foca na relação entre produtividade, taxas de câmbio e diferenças de preços entre bens comercializáveis e não comercializáveis entre países.
Conceitos Fundamentais do Modelo
O modelo divide a economia em dois setores principais:
- Setor de bens comercializáveis (como produtos industriais e commodities) — esses bens são produzidos e negociados internacionalmente.
- Setor de bens não comercializáveis (como serviços locais, construção civil) — esses bens não são transacionados entre países e são consumidos localmente.
Premissas do Modelo
O modelo parte de algumas premissas-chave:
– Os países diferem em termos de produtividade nos setores comercializáveis e não comercializáveis.
– A produtividade tende a crescer mais rápido no setor de bens comercializáveis, especialmente em economias avançadas.
– Salários tendem a se igualar entre setores dentro do mesmo país devido à mobilidade do trabalho.
Como o Modelo Funciona
- Aumento da Produtividade no Setor Comercializável: Em países com economias mais avançadas, o setor de bens comercializáveis geralmente experimenta um aumento mais rápido na produtividade. Isso eleva os salários nesse setor.
- Igualdade de Salários Interna: Devido à mobilidade do trabalho dentro do país, os salários no setor de bens não comercializáveis também sobem, mesmo que a produtividade nesse setor não aumente na mesma proporção.
- Impacto nos Preços: Como os bens não comercializáveis são consumidos apenas no mercado interno, o aumento dos salários no setor não comercializável eleva os preços desses bens. Isso faz com que o nível geral de preços em países mais produtivos seja mais alto.
- Taxa de Câmbio Real: O modelo sugere que países com maior produtividade no setor de bens comercializáveis tendem a ter uma taxa de câmbio real valorizada. Assim, quando a produtividade aumenta, o câmbio se ajusta para refletir os preços internos mais elevados, tornando o poder de compra desses países maior em comparação com economias menos produtivas.
Aplicação Prática do Modelo
- Diferenças no Custo de Vida: O modelo Balassa-Samuelson ajuda a explicar por que o custo de vida é mais alto em países desenvolvidos. Bens e serviços locais, como refeições, transporte e saúde, tendem a custar mais, mesmo quando os bens comercializáveis têm preços próximos aos de países menos desenvolvidos.
- Taxas de Câmbio e Paridade do Poder de Compra (PPC): O modelo fornece uma base para a Paridade do Poder de Compra, sugerindo que as taxas de câmbio de longo prazo entre duas moedas refletem a relação de produtividade e preços entre os países.
Limitações do Modelo
O modelo Balassa-Samuelson simplifica a realidade, assumindo que o aumento da produtividade ocorre apenas no setor comercializável e que salários se ajustam automaticamente em ambos os setores. Em economias onde o mercado de trabalho é rígido ou onde há menos mobilidade, o efeito sobre preços e salários pode ser diferente do previsto pelo modelo.
Conclusão
O modelo Balassa-Samuelson é um ponto de partida fundamental para entender por que países mais produtivos têm níveis de preços mais altos e como a produtividade influencia taxas de câmbio e custos de vida globais.
Fonte: paulogala.com.br /