O que é o mito da caverna de Platão, citado em ‘1899’?

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A série ‘1899’ vêm conquistando fãs com a exploração da filosofia nos episódios

A série ‘1899’ está conquistando uma legião de fãs desde que estreou na plataforma de streaming Netflix. A produção, que é ambientada no final do século XIX, explora as curiosidades da mente humana, principalmente a dos tripulantes do navio Kerberos, que são imigrantes de diversos países buscando uma vida melhor em Nova York.

Porém, algumas coisas estranhas começam a acontecer dentro do navio após o encontro com uma outra embarcação, e os passageiros passam a presenciar experiências curiosas. Logo, eles acabam perdendo o senso entre a realidade e loucura. É nesse contexto que Eyk Larsen (Andreas Pietschmann) se junta a outros tripulantes para resolver o mistério.

Cena de ‘1899’ – Crédito: Divulgação / Netflix

No sétimo episódio da trama, um personagem cita o mito da caverna, de Platão, para explicar que estão presos em uma simulação, que nada daquela situação é real. Mas afinal, o que é esse mito da caverna?

Origem por Platão

Dentre todos os pensadores importantes da história do Ocidente, Platão com certeza é um dos mais influentes. Um exemplo disso é a incrível fama de seu principal texto, o ‘Mito da Caverna’, que é um dos mais lidos e discutidos em escolas e universidades por todo o mundo.

O Mito da Caverna — ou Alegoria da Caverna — foi narrado na obra mais importante da carreira de Platão, intitulada de ‘A República’, mais especificamente no livro 7 do volume. Nele, é narrado um diálogo entre SócratesGlauco a respeito de uma das metáforas mais poderosas já imaginadas pela filosofia, a situação geral em que a humanidade se encontra.

Ainda não se sabe quando exatamente a obra foi escrita, mas estima-se que foi entre 380 e 370 a.C. O autor usou uma linguagem alegórica para mostrar o quanto os homens são presos às sombras, imagens, superstições e preconceitos.

Descrição das amarras

Para descrever essas “amarras” da humanidade, ele descreve um grupo de homens que nasceram e cresceram no interior de uma caverna, imobilizados por correntes e obrigados a olhar somente para a parede à sua frente.

Totalmente acostumados com tal situação, eles contemplavam o que achavam que era o mundo: as sombras refletidas do fundo da caverna pelo pouco de luz que vinha de trás deles.

Ilustração de Jan Sanraedam (1604) representando o Mito da Caverna – Crédito: Wikimedia Commons / Domínio Público

Segundo o portal Estado de Minas, o mundo “real” desses homens era formado por sombras de estatuetas de homens, animais, bacias, vasos e outros objetos que eram refletidos na parede da caverna. Como eles só viam aquilo, acabam acreditando que eram verdadeiras.

A existência dos prisioneiros era dominada inteiramente pela ignorância e também pelo contentamento com o que era, na verdade, superficial.

Libertação das correntes

Segundo conta a história, um dia, um dos prisioneiros decidiu que queria conhecer as coisas de verdade e resolveu se libertar, indo para o lado de fora da caverna. A princípio, ele foi cegado pela luminosidade, já que não estava acostumado com a luz natural, mas quando seus olhos se acostumaram com a claridade, vislumbraram um mundo totalmente diferente daquele que conhecia.

Ao retornar para a caverna, o homem liberto tentou soltar os companheiros, lhes contando tudo que havia visto, mas eles não acreditaram em todas as “mentiras” da pessoa que acabara de voltar do lado externo. Acostumados a permanecerem na zona de conforto, os outros ameaçaram matá-lo.

Essa alegoria de Platãodivide o mundo em duas realidades: a sensível, percebida pelos cinco sentidos e a inteligível, conhecida como mundo das ideias, que é alcançada apenas com a racionalidade, também descrita como pensamento puro, livre das “trapaças” que os sentidos trazem.

Estátua com o rosto de Platão – Crédito: Wikimedia Commons / Domínio Público

O primeiro desses planos, assim, consiste no mundo da ilusão, das opiniões, e o segundo é o mundo da verdade, do conhecimento.

A alegoria grega é utilizada na série da mesma forma, para diferenciar os acontecimentos da trama entre a realidade e o que cada um entende como verdade — entendimentos esses que são retratados na produção como a loucura ou alucinação. 

Fonte: Aventuras na História

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